Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil caiu posições no ranking sobre paz, elaborado pelo Instituto para a Paz e divulgado globalmente nesta quarta-feira (10). O país está agora na colocação de número 126, atrás do Quênia e à frente de Mianmar.
Organizado pelo Institute for Economics and Peace (IEP), com sede em Sydney, o Índice Global da Paz (leia aqui a íntegra em inglês) contabiliza 163 nações e as posiciona conforme 23 indicadores relacionados à sensação maior ou menor de paz, como criminalidade urbana, terrorismo, número de mortes violentas e instabilidade política.
A queda já era notada no ano passado, quando o país havia deixado a posição 106 e caído para a 116 no momento da publicação. Apesar disso, ainda aparecia dentro da coloração amarela, que significa estado médio de paz. Agora, na atual colocação, o Brasil ingressa no grupo de países com bandeira laranja (baixo estado de paz). Nessa mesma coloração, mais atrás no ranking, estão nações conhecidas pela violência urbana acentuada, como o México, com ação do narcotráfico, muito pobres, como Níger e Etiópia, ou sob regimes autoritários, como a ditadura teocrática do Irã, a Arábia Saudita o regime esquerdista da Nicarágua.
O documento não explica as razões da queda do Brasil no ranking. Em comparação com a publicação de 2019, o país caiu 10 posições (de 116 para 126), mas organizadores do documento explicam que, como o ranqueamento se dá continuamente, o último dado apontava o Brasil na posição 123. Assim, o país caiu três posições.
Com base no que foi projetado no ano passado, percebia-se a retomada de conflitos relacionados ao crime organizado e ao tráfico de drogas, agravamento da polarização política, aumento nos ataques a figuras políticas e grande custo da violência à economia. Este ano, o país insere-se nos problemas comuns a todas as nações da América do Sul, região que viu sua sensação de segurança deteriorar, em especial devido aos protestos do ano passado: no Chile, por maior igualdade social, no Equador, em razão do corte nos subsídios dos combustíveis e a continuidade do estado de calamidade na Venezuela de Nicolás Maduro.
Especialistas do instituto apontam para a necessidade de se melhorar o ambiente de negócios, o fluxo de informações, sustentar boa relação com vizinhos e investir em educação e combate à corrupção.
O relatório deste ano é mais pessimista de forma geral, prevendo o agravamento de crises políticas e econômicas em todos os continentes devido à pandemia de coronavírus. O relatório aponta maior tensão política entre China e EUA, descrença em lideranças e instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), questionada por governos como o americano e o brasileiro, impactos da crise econômica na cadeia de produção de alimentos e crises na segurança pública e na população carcerária.
O país mais pacífico é a Islândia que alcançou nota de 1,078. O mais violento, o Afeganistão, obteve 3,644 (quanto maior, menos pacífico). O Brasil foi classificado como 2,413.
Os 10 países mais pacíficos
1 Islândia
2 Nova Zelândia
3 Portugal
4 Áustria
5 Dinamarca
6 Canadá
7 Singapura
8 República Tcheca
9 Japão
10 Suíça
Os 10 menos pacíficos
163 Afeganistão
162 Síria
161 Iraque
160 Sudão do Sul
159 Iêmen
158 Somália
157 Líbia
156 República Democrática do Congo
155 República Centro Africana
154 Rússia