O apagão de dados sobre o coronavírus no Brasil, a falta de transparência do governo, os anúncios truncados e as divergências entre os números de mortos nos últimos dias repercutiram na imprensa internacional. Os principais veículos de comunicação globais voltaram a colocar o país em suas manchetes, com reportagens críticas à gestão da pandemia pelo governo federal.
Nos Estados Unidos, The Washington Post afirma nesta segunda-feira (8): "À medida que as mortes por coronavírus no Brasil aumentam, Bolsonaro limita a divulgação de dados".
A reportagem do correspondente do diário no Brasil, Terrence McCoy, informa que a remoção repentina dos dados acumulados provocou uma avalanche de críticas, enquanto críticos sugeriram que o governo federal estava tentando "ocultar a gravidade de uma crise de saúde pública que pouco fez para resolver".
No Reino Unido, um dos jornais mais lidos da Europa, The Guardian, afirmou no título: "Brasil para de divulgar aumento do número de mortos por covid-19 e limpa dados do site oficial". O texto de Dom Phillips, do Rio de Janeiro, informa que o governo é acusado de "totalitarismo e censura depois da ordem de Bolsonaro para parar com a publicação dos números".
Na França, Le Figaro afirmou em título: "Brasil - Bolsonaro, capitão sem bússola no coração da tempestade". O texto destaca que 14 meses depois de chegar à presidência, "o presidente brasileiro está enfraquecido por se recusar a levar a sério uma doença que matou mais de 36 mil pessoas em seu país".
O Diário de Notícias, de Portugal, destacou a divergência dos dados divulgados no domingo (7): "Governo brasileiro divulga dados diferentes sobre casos e mortes nas últimas 24 horas".
Na Espanha, o El País salientou: "Bolsonaro oculta parte dos dados oficiais sobre a pandemia e levanta onda de críticas".
No Clarín, de Buenos Aires, o destaque da reportagem está na cartola (espécie de guarda-chuva para o assunto do texto): "Madrugada confusa", diz o jornal. O título afirma: "Brasil retificou seus números de coronavírus em apenas algumas horas e aumentou a polêmica".
Influente no mundo árabe e em diversos países da África, o canal de notícias Al-Jazeera também deu destaque à queda do portal oficial de informações sobre a pandemia, que ficou fora do ar desde a noite da sexta-feira (5) até a tarde do sábado (6): "Brasil para de publicar números do coronavírus".