A maioria dos países europeus vem, nas últimas semanas, se reabrindo ao mundo, em um efeito cebola - de dentro para fora -, cujo ápice deve ocorrer na próxima quarta-feira (1º de julho), quando a União Europeia (UE) sairá do confinamento, passando a permitir, de novo, o ingresso de cidadãos de fora do bloco - menos nações com altos índices de contaminação, como Estados Unidos e, ao que tudo indica, o Brasil.
Mas há uma nação europeia, a Noruega, que, embora tenha controlado a propagação do coronavírus, decidiu não se desconfinar. O país escandinavo de 5,4 milhões de habitantes registrou 8.777 casos de covid-19 e 249 mortos. Foi um dos primeiros a conter o avanço do vírus. E, agora, enquanto a maioria dos vizinhos se abre, o reino decidiu postergar o levantamento das fronteiras por zelo. Teme colocar todo o sacrifício dos últimos meses a perder.
A Noruega não integra a União Europeia (UE), mas faz parte do chamado Espaço Schengen de livre-circulação de pessoas - aquele tratado que permite a um indivíduo transitar livremente entre as nações, sem necessidade de passar por controles de fronteiras. Desde a pandemia, o país decidiu abrir fronteiras apenas com três países: Dinamarca, Islânida e Finlândia. Mantém fechado o acesso a nações vizinhas com alto contágio, como a Suécia, e aos demais países europeus. Quem ingressa na Noruega, mesmo cidadãos nativos, precisa ficar, pelo menos, 10 dias em quarentena.
Algumas restrições de viagem foram levantadas nesta quinta-feira (25). Mas, enquanto a UE já está aberta, em sua maioria, aos vizinhos desde 15 de junho, a Noruega decidiu se reabrir aos demais apenas em 15 de julho. Mesmo assim, os países devem atender a vários critérios sanitários, entre eles uma taxa de contaminação inferior a 20 casos por 100 mil habitantes. Cidadãos oriundos de países enquadrados nesse critério - Portugal, por exemplo, estaria de fora - não precisarão mais passar por quarentena.
A velocidade da reabertura é motivo de debate no continente europeu. Em Portugal, por exemplo, muitos especialistas acreditam que o país, que se tornou exemplo de contenção do vírus, enquanto vizinhos, como a Espanha, tiveram taxas altíssimas, entendem que o país pode ter se reaberto cedo demais. A nação fechou-se no tempo certo. Hoje, registra 40.104 infectados e 1.543 mortos, evitou o desastre de Espanha e Itália (e, em alguma medida, França), mas o processo de reabertura da economia pode ter sido demasiadamente rápido e, para muitos, feito antes do tempo. Portugal observa, com preocupação, novos surtos surgirem na Grande Lisboa e no Vale do Tejo - e novas medidas de restrições foram implementadas esta semana.