Dois sintomas do impacto da pandemia na economia. Um no micro, outro no macro.
Sinal dos novos tempos, o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, veio a público nesta quarta-feira (20) pedir aos estudantes e trabalhadores de licença que ajudem os agricultores do Reino Unido em suas colheitas durante a crise. Charles, que teve coronavírus em março e já se recuperou, publicou um vídeo no Twitter pedindo às pessoas que assumissem a tarefa de colher frutas e legumes.
- Se quisermos colher frutas e legumes britânicos este ano, precisamos de um exército de pessoas para ajudar. A comida não aparece por mágica. Tudo começa com nossos notáveis agricultores e produtores. Se as últimas semanas provaram alguma coisa, é que a comida é preciosa e valorizada, e não pode ser tomada como garantida - disse o príncipe.
A comunicação da realeza britânica com o público, por meio dos canais digitais, durante a pandemia tem sido exemplar. Com aspecto simbólico, o papel da família real é importante e parece que a rainha adotou um tom de emergência semelhante ao usado durante os bombardeios de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial.
- Nos próximos meses, milhares de pessoas serão necessárias para trazer as colheitas. Será um trabalho duro, mas extremamente importante se quisermos evitar que as plantações sejam desperdiçadas - disse Charles.
Em termos macroeconômicos, o desenvolvimento humano está a caminho de retrocessos neste ano, pela primeira vez em décadas. Trata-se de uma emergência de saúde, aliada a ma crise social com impacto econômico. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), somente ações concertadas priorizando a equidade podem aliviar essa crise de desenvolvimento sem precedentes: "O mundo passou por muitas crises nos últimos 30 anos, incluindo a crise financeira global de 2007-2009. Cada uma delas teve um impacto severo no desenvolvimento humano, mas, em geral, os ganhos no desenvolvimento aumentaram ano a ano", disse o chefe do programa, Achim Steiner, nesta quarta-feira (20).
A covid-19 afeta simultaneamente três áreas: saúde, educação e renda. Com o fechamento das escolas, as estimativas do Pnud apontam para percentual elevado de crianças no Ensino Fundamental que não estão mais efetivamente matriculadas em países com baixo nível de desenvolvimento humano: 86% nas nações em desenvolvimento, em comparação com apenas 20% nos países com alto nível de desenvolvimento humano. A renda per capita mundial diminuirá este ano em 4%, segundo a ONU.