Ao prender e deportar jornalistas internacionais, Nicolás Maduro tentou, nos últimos dias, blindar a Venezuela e impor ao mundo um vazio informativo sobre o país como está acostumado a fazer dentro de suas fronteiras.
Quem cobre a crise em Caracas não pode, como de hábito, buscar informações em emissoras locais. Todos os canais de TV são pró-Maduro. Na mídia impressa não é diferente. O último jornal independente, o El Nacional, encerrou sua edição em papel em dezembro. Operações online ainda garantem luz na escuridão. Redes sociais são outra fresta.
Desde minha reclusão em Caracas, em 25 de janeiro, pelo menos outros sete jornalistas foram detidos até sexta-feira. Na terça, os chilenos Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, da TVN, foram presos e passaram a noite detidos no mesmo quartel em que fiquei, em frente ao Palácio Miraflores, sede do governo. Junto a eles, foram retidos dois repórteres venezuelanos, Maikel Iriarte, da TV Venezuela, e Ana Rodriguez, do VPI. Na sequência, os colombianos Leonardo Muñoz e Maurén Barriga e o espanhol Gonzalo Domínguez (leia entrevista aqui), da agência de notícias EFE, ficaram sob custódia de agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin). Também dois jornalistas franceses, Pierre Caillet e Baptiste des Monstiers, do canal TMC, foram detidos.
O secretário-geral do sindicato venezuelano de imprensa, Marco Ruiz, afirmou que foram registradas 40 agressões a jornalistas em janeiro. Dessas, 19 foram detenções, a maioria de correspondentes internacionais.
A presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Maria Elvira Domínguez, afirmou:
– O governo de Maduro se revela cada vez mais como um regime opressor, ditatorial, que busca apegar-se ao poder com mais repressão e violência.