O referendo realizado neste domingo, no qual a maioria dos eleitores optou por aceitar que seu país, a Macedônia (90% com mais da metade das urnas apuradas), mude de nome é o fim de um processo iniciado há quase três décadas e que levou a vários desentendimentos com a Grécia.
O país passará a se chamar República da Macedônia do Norte.
Para entender:
1) A Macedônia, país localizado na região dos Bálcãs, se separou da Iugoslávia, em 1991, e adotou o nome oficial de Former Yugoslav Republic of Macedonia, cuja sigla é Fyrom. Só assim foi aceita na Organização das Nações Unidas (ONU).
2) Logo, a Grécia protestou. O Ministério das Relações Exteriores grego acusa o país vizinho de adotar o termo Macedônia, que “refere-se ao Reino e à cultura dos antigos macedônios, que pertencem à nação helênica”, para “falsificar e usurpar” o patrimônio histórico grego. O objetivo, segundo este argumento, seria reclamar para si parte do território do país. Ou seja, a Grécia acredita que a nação tenta usurpar o seu patrimônio, especialmente o de Alexandre Magno, e mantém ambições territoriais ocultas.
3) Geograficamente, Macedônia é uma ampla região do norte da Grécia, que também se estende ao território de alguns países dos Bálcãs, incluindo Fyrom. O núcleo da Antiga Macedônia, contudo, está na Grécia.
4) Esse desentendimento frustrou a vontade da Macedônia de aderir à União Europeia (UE) e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em 1994, a Grécia impôs um embargo econômico à Macedônia, proibindo esse pequeno país isolado de usar o porto grego de Tessalônica, sua principal via de trocas comerciais. As autoridades gregas exigiram que a Macedônia modificasse a sua Constituição e renunciasse a sua bandeira com o sol de Vergina, o emblema da antiga dinastia macedônia, que Atenas considera um "símbolo grego".
5) Desde a sua chegada ao poder em junho de 2017 após anos de governo nacionalista, o novo primeiro-ministro social-democrata, Zoran Zaev, prometeu estreitar a "boa amizade" com a Grécia para encontrar uma "solução" e voltar a lançar o processo de adesão à UE e à Otan. Para a mudança, o país terá de alterar a Constituição. Por isso, foi feito o referendo. Além do nome vencedor, República da Macedônia do Norte, chegou a ser analisado outros: República da Alta Macedônia, República de Macedônia Vardar (rio que atravessa os dois países) e Skopje, nome da capital da nação.