Polarização. Não, não estamos falando de Brasil. A eleição na Suécia, no fim de semana, foi marcada pela disputa de extremos políticos já vista em outros pleitos na Europa recentemente.
E, assim como na Alemanha, a ultradireita nacionalista e populista não ficou em primeiro lugar, mas foi a grande sensação da disputa, conquistando cadeiras no parlamento e tornando partidos tradicionais reféns de alianças, sem as quais não conseguirão governar.
1) Na Suécia, a extrema-direita responde pelo nome de Democratas da Suécia (SD), grupo político que cresceu cinco pontos percentuais em relação às eleições de 2014, ficando em terceiro lugar na disputa parlamentar. Seu líder chama-se Jimmie Akesson, 39 anos. Uma curiosidade: foi eleito vereador com 18 anos. Criado em 1988, o partido fundado por membros do extinto movimento Bevara Sverige Svenskt (Conservemos como sueca a Suécia) tem buscado se afastar de grupos racistas e neonazistas.
2) Os social-democratas, que estão no governo, encolheram 2,8 pontos percentuais em comparação ao último pleito.
3) Foi mais uma eleição europeia em que partidos nacionalistas fizeram uso de discursos xenófobos para capitalizar votos, embora o fluxo migratório de África e Oriente Médio tenha diminuído bastante desde 2015.
4) A cada eleição no continente, os ultradireitistas crescem em percentuais e cadeiras nos parlamentos nacionais. As eleições são a parte mais visível de sua força para o mundo. Mas, no dia a dia, são comuns manifestações em cidades pequenas de países como Alemanha, Suécia, Noruega, Polônia, Hungria e Dinamarca de grupos que rejeitam refugiados e estrangeiros em geral. Alguns têm viés neonazista.
5) No caso da Suécia, os perdedores do fim de semana são os grandes partidos tradicionais, social-democratas e conservadores. Nenhum bloco – nem progressistas nem conservadores – conseguiu o suficiente para governar sozinho e terá de buscar alianças com a extrema-direita. A situação lembra disputa política na Alemanha, que chegou a demorar três meses para conseguir formar o governo.
6) Na Suécia, a extrema-direita será a fiel da balança. Mas não se trata de um fenômeno apenas neste país. Observa-se o crescimento da ultradireita em todas as nações nórdicas. Na vizinha Noruega, são representados pelo Partido do Progresso, na Dinamarca, pelo Partido Popular Dinamarquês, e, na Finlândia pelos Verdadeiros Finlandeses.
7) Um dos reflexos desse crescimento é a securitização do debate eleitoral. Durante a campanha sueca, não se falou em educação e saúde, dois assuntos que os eleitores mais gostariam de debater, segundo pesquisas, em um país normalmente preocupado com o bem-estar de sua população. A migração e seus riscos ao Estado de bem-estar social foram temas predominantes. A extrema-direita insistiu na tecla de que a migração significa aumento de população, que implicará gastos em excesso e perigo para a sociedade sueca.