Várias cidades alemãs foram cenário de protestos contra o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), depois das eleições legislativas deste domingo (24). Em Berlim, centenas de pessoas, custodiadas pela polícia, se concentraram em frente ao local onde o partido comemorava o resultado de cerca de 13% dos votos, segundo apontaram pesquisas de boca de urna.
Esta é a primeira vez desde 1945 que um partido revisionista e contrário ao islã, às elites, ao euro e à imigração entra na câmara dos deputados alemã. O AfD ficou à frente da esquerda radical de Die Linke (9%), dos liberais do FDP (10%) e dos Verdes (9%).
O partido avançou vários pontos ao final da campanha, apesar de ter radicalizado seu discurso e de ter pedido aos cidadãos que se sintam orgulhosos dos feitos dos soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Algo nunca visto em um país cuja identidade desde o final da guerra foi construída com base no arrependimento pelo nazismo e na rejeição ao extremismo.
A comunidade judaica denunciou o programa "infame" do AfD, que quer pôr fim ao arrependimento alemão pelos crimes nazistas.
"Voltam os fantasmas do passado", alertou a revista semanal Der Spiegel.
Durante a campanha, o partido chegou a dizer, entre outras coisas, que a Alemanha se tornou "refúgio de criminosos terroristas do mundo inteiro", além de denunciar a "traição" de Angela Merkel, 63 anos, por ter aberto as portas, em 2015, a centenas de milhares de solicitantes de refúgio, na maioria muçulmanos.