A terça-feira tenebrosa de Donald Trump começou com a confissão-bomba de seu ex-advogado Michael Cohen e terminou com a condenação por um tribunal do ex-chefe de campanha Paul Manafort. Terminou? Não, está só começando.
Há grande debate jurídico nos EUA sobre se o presidente pode ser processado enquanto está no cargo. Embora os dois episódios agitem os acarpetados corredores de Washington, é necessário entender que os casos judiciais envolvendo seus ex-assessores correm em paralelo a outra investigação, com efeitos políticos mais devastadores: o suposto conluio entre a campanha de Trump e o governo russo nas eleições de 2016.
O relatório do promotor especial Robert Mueller pode sair a qualquer momento. Esse, sim, tem potencial para impeachment.
Como o cerco se fecha? Simples: se aceitou a espécie de delação premiada sobre o suborno para abafar os affairs de Trump, Cohen pode abrir o bico a Mueller sobre a relação suspeita da campanha com o Kremlin. Os escândalos juntos podem levar o Partido Republicano a perder importantes cadeiras na eleição de meio de mandato, em novembro, quando serão renovados toda a Câmara e um terço do Senado.
Qualquer iniciativa de processo de impeachment hoje nasceria morta. Para afastar o presidente, é necessário votação por maioria simples na Câmara, que os republicanos controlam por margem de 23 cadeiras, e dois terços no Senado, onde a vantagem do governo é de um assento.
É em novembro, nas urnas, que o jogo pode virar contra Trump.