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Nenhum presidente dos Estados Unidos visita o Brasil, maior da América Latina e principal potência regional, há sete anos. O último foi Barack Obama, em março de 2011, ainda no primeiro mandato.
Com relação aos demais vizinhos, a atenção dispensada não é muito diferente. Donald Trump confirmou e depois cancelou a viagem que faria ao Peru, durante a Cúpula das Américas, e à Colômbia, às vésperas de atacar a Síria, em abril deste ano. O Brasil não estava no roteiro.
Viagens presidenciais não são fundamentais para a boa relação entre países, mas não deixam de ser um item que ajuda a medir o interesse dos governos nas relações bilaterais. A América Latina não é prioridade da agenda externa americana há 17 anos. Desde que aviões explodiram contra o World Trade Center e o Pentágono, terrorismo internacional, o jogo do Oriente Médio e a ascensão da China são os assuntos que ocupam as planilhas e mentes dos estrategistas do Departamento de Estado.
Trump só despachou seu vice, Mike Pence, para um tour por Brasil, Guatemala, Honduras e El Salvador porque há uma pontinha de preocupação na Casa Branca com a instabilidade na Venezuela — acrescida de uma dor de cabeça de última hora por conta do escândalo das crianças separadas de seus pais migrantes ilegais.
O tom de Pence em Brasília foi mais duro do que imaginavam integrantes do governo brasileiro. Era a visita mais importante do ponto de vista diplomático do governo Michel Temer e, diante das câmeras, a imagem que ficou foi de subserviência do presidente brasileiro às cobranças da Casa Branca. Pence desembarcou no Brasil para aproveitar a caixa de ressonância no maior país do subcontinente e mandar dois recados que valem a toda a região. O primeiro sobre imigração ilegal, embora a maioria dos 150 mil migrantes que entraram nos EUA nos últimos anos não tenham nacionalidade brasileira:
– Hoje digo ao nosso aliado Brasil: chegou a hora de vocês fazerem mais – exigiu Pence.
O segundo recado foi uma pressão para que o país implemente sanções contra o regime de Nicolás Maduro.
– Exortamos o Brasil a adotar mais medidas para isolar o governo venezuelano.
Comedido e um tanto surpreso com a fala do vice americano — a portas fechadas, Pence teria sido mais moderado, segundo interlocutores do Planalto —, Temer só teve como reação dizer que mandaria um avião para repatriar as crianças brasileiras que foram separadas das famílias.