Mantido preso pelo governo Nicolás Maduro por 10 dias, o designer gráfico gaúcho Jonatan Diniz fez um rápido contato com a coluna na tarde deste domingo.
— Estou bem, isso que importa. Depois comentarei outras coisas — limitou-se a dizer.
Na troca de mensagens, Jonatan, que é natural de Ijuí e mora nos Estados Unidos, disse estar bastante cansado. No sábado, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, informou por meio de sua conta no Twitter, que o rapaz foi expulso da Venezuela. Ao mesmo tempo em que está mais aliviada depois da libertação, a mãe de Jonatan, Renata Diniz, que mora em Balneário Camboriú, vive a expectativa de ir ao encontro do filho.
— Estão mantendo em sigilo (o local), indeterminado, para preservar sua integridade. Quando eu souber, vou imediatamente ao seu encontro — afirmou Renata à coluna.
No final da tarde de domingo, ele postou em seu perfil no Facebook um longo texto no qual explica suas passagens pela Venezuela. Pelo relato, ele visitou o país, como mochileiro, a primeira vez em 2016, Apaixonou-se por uma venezuelana e ficou lá por três meses, desenvolvendo um trabalho com população carente. Na sequência, o Jonatan relata que presenciou protestos contra o governo:
"Odiei muito Maduro nesse tempo por todas as bombas lacrimógenas que tive que respirar e sim, vi muita barbaridade tanto de um lado quanto do outro. Quando eu não chorava pela notícia de mais um jovem assassinado que batalhava por liberdade e por um país melhor, eu chorava por ver crianças de 5, 6 anos prepararem bombas molotov no meio da avenida para se prepararem para os confrontos (...)
O rapaz, que não esclarece no post, detalhes sobre sua prisão, diz que não se envolve em política. Ao final, ele agradece o esforço do governo brasileiro para sua libertação:
"Me comove muito a união que o povo brasileiro teve para me ajudar e me tirar da prisão, de verdade, sem palavras, pela primeira vez em minha vida vi nós brasileiros provarmos que somos mais fortes que governos."
Ao desembarcar em Miami, segundo o Itamaraty, Jonatan dispensou auxílio adicional das autoridades brasileiras.
Jonatan havia sido preso no dia 26 de dezembro em Caracas, após uma ação de Natal com crianças. Durante 10 dias, a família do jovem ficou sem notícias sobre o seu paradeiro. O governo Maduro só admitiu a prisão na sexta-feira, após sucessivas mediações da embaixada brasileira na Venezuela. O rapaz foi mantido em uma das prisões do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). O governo venezuelano acusava Jonatan de ser enviado pela CIA (serviço de inteligência americano) para desestabilizar o país. O Itamaraty foi informado de que, após a libertação, o brasileiro embarcou em um voo da American Airlines com destino a Miami.