Depois de visitar a Arábia Saudita, Donald Trump fez história nesta segunda-feira ao se tornar o primeiro presidente dos Estados Unidos a rezar no Muro das Lamentações, em Jerusalém, durante o mandato. O líder americano colocou a mão no muro e deslizou, segundo a tradição, um pedaço de papel nas fendas entre as pedras.
Poderia ser apenas um gesto religioso ou de gentileza aos judeus. Ou mesmo algo que ratificasse a "inquebrável" relação dos EUA com Israel. É bem mais simbólico do que tudo isso.
Trump chegou ao Oriente Médio prometendo o "acordo supremo de paz" para israelenses e palestinos. Há poucos meses, seu governo fez menção de revisar a política de "dois Estados", que prevê a convivência pacífica de dois povos em dois territórios, um israelense e outro palestino, independentes. Trata-se do mapa mais concreto até hoje para se chegar ao fim das hostilidades na região. A declaração à época abalou a comunidade internacional: Trump poderia estar insinuando que apenas um Estado (israelenses) é viável: Israel.
Nesta segunda-feira, ao visitar o local mais santo do judaísmo, o presidente americano abre precedente para questionamentos sobre sua real capacidade para mediar a crise entre israelenses e palestinos. Nas sutilezas da política do Oriente Médio, não basta ser neutro. É preciso aparentar neutralidade. E qualquer gesto é avaliado, reavaliado e condenado ou aplaudido por um outro lado.
Tudo vai depender agora do gesto que Trump fará ao visitar os Territórios Palestinos. Se quiser dar um primeiro passo para também se mostrar comprometido com a paz diante dos palestinos, basta dar um pulo ali mesmo, em Jerusalém, a outro local. Logo acima do Muro das Lamentações fica a Esplanada das Mesquitas, um dos pontos mais sagrados do islamismo.