Sonho de consumo dos falcões que habitaram a Casa Branca nas últimas décadas, o projeto de interceptação de mísseis norte-coreanos deve ser colocado à prova hoje. Simplificando o pomposo sistema de US$ 330 bilhões (R$ 1,1 trilhão): é como acertar uma bala com outra bala. Tudo isso do outro lado do mundo, sobre o Pacífico e em altíssima velocidade. Não é à toa que os testes com o sistema antimísseis não foram positivos nos últimos anos – cinco de nove tentativas fracassaram.
Não muito diferente do que aconteceu com os planos do regime norte-coreano até agora. Os testes do governo de Kim Jong-un fizeram, literalmente, água. Caíram no mar ou explodiram no lançamento. Mas o governo americano não quer esperar para descobrir se as promessas do ditador, que diz ter um míssil transcontinental (leia-se, com capacidade de atingir o território americano) são bravatas.
No exercício de hoje, um foguete interceptador será lançado de uma base na Califórnia (a outra fica no Alasca) e tentará atingir um alvo falso. O teste envolve as defesas antimísseis mais tradicionais que os EUA brigam para fazer funcionar desde o governo do presidente Dwight Eisenhower, nos anos 1950. Mas é o primeiro a acontecer desde que Donald Trump assumiu prometendo resolver o problema.
O inquilino da vez está descobrindo o que Barack Obama, George W. Bush e outros moradores da Casa Branca já aprenderam anteriormente: se brincar de interceptar mísseis intercontinentais sobre o mar em condições ideais de temperatura e pressão já é difícil, imagine em situação real. Os artefatos movimentam-se a 6,5 quilômetros por segundo, e, obviamente, são lançados em momentos imprevisíveis.