Depois da polêmica envolvendo as fake news (notícias falsas), potencializadas pelo ambiente de mídias digitais e plataformas como o Facebook, agora é a gigante de tecnologia Google que se envolveu em uma saia justa com o governo britânico, veículos de comunicação como The Guardian, Channel 4, BBC e empresas como a L'Oreal.
É que anúncios dessas instituições apareceram ao lado de conteúdo racistas, xenófobos e extremistas nos espaços comercializados pela Google nos sites e no YouTube, plataforma de vídeo administrada pela empresa. À frente da pressão para que a Google revise suas práticas está o Isba, entidade que representa cerca de 450 anunciantes britânicos. Várias companhias já retiraram sua publicidade programática até que a Google reavalie seus mecanismos de controle.
Um porta-voz do governo britânico disse que esse tipo de anúncio, feito por meio de mídia programática, é uma maneira econômica de envolver milhões de pessoas em campanhas importantes, como recrutamento militar e de doação de sangue.
- A Google é responsável por garantir que seus altos padrões sejam aplicados à propaganda governamental. Colocamos uma restrição temporária em nossa publicidade no YouTube, até que a empresa garanta que as mensagens do governo possam ser entregues de maneira segura e adequada - acrescentou a fonte ao jornal The Guardian.
Peças publicitárias do governo apareceram ao lado de vídeos publicados por nacionalistas brancos americanos no YouTube. Também acabaram "patrocinando" discursos de ódio e de radicalismo islâmico na plataforma.
Dan Brooke, diretor de marketing e comunicações do Channel 4, outra empresa prejudicada e que também retirou todos os anúncios do YouTibe, afirmou ao The Guardian que a emissora está "extremamente preocupada" com sua publicidade sendo associada a conteúdos ofensivos.
- É uma violação direta das garantias que nossa agência de compra de mídia recebeu em nosso nome do YouTube - disse.
Esta semana, o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte britânico se reuniu com editores de veículos de comunicação e plataformas tecnológicas para discutir a questão das notícias falsas e o ambiente de mídia programática. A Google e o YouTube prometeram fazer mudanças em suas políticas para lidar com o problema.