Rodrigo Lopes
Se há alguém que ganha com o muro que Donald Trump pretende construir entre os EUA e o México essa pessoa se chama Enrique Peña Nieto, o presidente com pinta de galã eternamente em busca de legitimidade. Advogado, ex-governador, ele assumiu a presidência mexicana em 2012, só dois meses depois de uma contestada vitória na eleição. Seu adversário, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, não reconhecia a derrota nas urnas. O pleito significou a recondução ao poder do Partido Revolucionário Institucional (PRI), legenda política com requintes de máfia, que chegou a comandar o México por 71 anos. Afeito aos holofotes, sorriso permanente no rosto e cabelo impecavelmente moldado com gel, Peña Nieto é um típico populista gestado nas entranhas do PRI. Sua campanha foi cheia de suspeitas de gastos irregulares e uso de recursos obtidos por meio de lavagem de dinheiro. Quando ganhou a eleição e tudo parecia superado, vieram à tona relações estranhas da época em que era governador do Estado do México. Sua mulher comprou uma casa do Grupo Higa, que, curiosamente, tempo depois, ganhou vários contratos públicos.