Escrevo da estrada, à margem da I-81, no Estado da Virginia, em viagem rumo à Filadélfia, Pensilvânia. Música alta para distrair, olho no GPS para não me perder e a mente planejando os próximos passos desta cobertura. Meu olhar é atraído para várias bandeiras posicionadas em um viaduto sobre a rodovia. Consigo ver o nome de Trump entre muitas bandeiras americanas. Mas, a quase 70 milhas por hora, é impossível parar aqui. Também não há retorno nos próximos cinco quilômetros. Mesmo assim, decido voltar. Apoiadores de Trump em campanha no meio de uma rodovia distante dos grandes centros americanos? Vale ouvi-los, pensei.
A verdade é que encontrei bem menos militantes do que eu imaginava. As bandeiras davam uma impressão de volume. Encontrei os dois senhores aí da foto. Um deles, militar da reserva, fazia continência aos motoristas que passavam. O outro John Bost, que trabalha na limpeza de uma escola local, acenava a quem passava lá embaixo. O nome do vilarejo: Woodstock. Sugestivo...
Aqui, a maioria das placas na frente das casas é de Trump, reforçando a máxima de que o interior é mais republicano do que as metrópoles. Mas, na Virginia como um todo, Hillary leva vantagem, segundo a média das pesquisas do site Real Clear Politics: ela tem 47,4% contra 42,2 de Trump.
De volta ao viaduto de Woodsktock, encontro o casal da foto abaixo: Jajaira Jimenez e Bruce. Ela panamenha. Ele, americano.
Pergunto a Jajaira:
Por que apoiar Trump?
Jajaira - Ele é a única pessoa que pode nos trazer de volta os empregos aos EUA. Sou panamenha e imigrei para esse país porque me casei com um americano. Vivi o processo de passar legalmente e entrar em um país legalmente. Levei dois anos e meio. Sou latina. Estou por Trump porque estou totalmente contra a imigração ilegal. Em nenhum país se aceita isso, porque não nos EUA? Não temos que dar nada de graça a ninguém. Trabalhamos duro, pagamos incríveis impostos, mas os impostos que pagamos estão indo para sustentar a todos os imigrantes ilegais que vivem aqui. São boas pessoas, não digo nunca que não são boas pessoas. São honradas.
O que a senhora faz?
Jajaira - Eu educo a comunidade hispânica, o que tem que fazer para comprar uma casa, os passos necessários. Não é fácil porque os que migram para cá são pessoas que não tiveram uma educação secundária. Mas o principal problema com a imigração é que, tu chegas a um país, tu precisas falar o idioma desse país. Não pode se acomodar a viver falando espanhol. Fui objeto de muita discriminação. Quando falo com meus clientes eu lhes digo: "Aprendam o idioma". Porque todos estamos em um mesmo barco. Ninguém me pergunta, mas eu sou advogada, tive uma educação no Panamá, e aqui sofri muita discriminação. Aqui nos EUA há quantidade de imigrantes, esse país é formado por imigrantes.
Então, a senhora quer dizer que Trump é contra a imigração ilegal, não contra todos os imigrantes?
Jajaira - Ilegal! Não contra os imigrantes. Sua família é imigrantes, sua esposa é imigrante. Ele não é contra eles. Mas eles devem fazê-lo de uma maneira adequada. Como dizia Melania em um discurso. Ela teve que estudar para ser cidadão. Eu o fiz também. Tem que aprender todas as coisas do país. Hillary Clinton seguirá com o que faz Obama, que abusa do sistema, querem trazer mais corrupção a esse país. Isso não pode ser. Estados Unidos não aguenta mais. Se a economia dos EUA entra em colapso arrasta o resto do mundo.
Há quanto tempo a senhora está aqui?
Jajaira - Em 1 de dezembro, cumpro 14 anos que estou casada com meu esposo. Há 14 anos estou nos EUA.
A senhora vota?
Jajaira - Votei em duas eleições.
Sempre nos republicanos?
Jajaira - Sim, sou católica, sou contra totalmente o aborto. É algo que jamais aceitarei.
Já votou ou vai votar na terça?
Jajaira - Vou votar na terça. Terça não trabalho. Vou votar em Donald Trump, nosso presidente.
Obrigado! Boa sorte a vocês.
Jajaira - Gracias!
Eles seguem agora para outro ponto de Woodstock com as bandeiras. Eu sigo para a Filadélfa. Falamos mais quando eu chegar lá! Até, pessoal!