Não considero boa a reação de Renato Portaluppi diante dos fatos recentes. Quando entrevistado, explica insucessos com lembranças de títulos, e se mostra intolerante a opiniões de terceiros. O que o treinador não está conseguindo fazer é explicar o que está ocorrendo com o seu time, aquele que encantou a todos nós.
O fato é que o Grêmio não está bem. Eu conheço uma fórmula perfeita para afastar as "cornetinhas". É só ganhar os jogos. Aliás, segundo o técnico, cornetinhas são os jornalistas, mas ele esquece de lembrar que os dirigentes dos clubes corneteiam treinadores, conselheiros e torcedores. A palavra mágica do futebol é vitória. Se ela não vem, nascem cornetinhas de todos os lados.
Não fosse Renato o grande ídolo que é, o maior nome da história do clube, que recém deu seis faixas para os gremistas, e já se estaria falando na sua provável demissão. Não vejo ninguém querendo o demitir, o que vejo são insatisfações pelo desempenho da equipe, pela estrutura tática que não se completa com a troca natural de jogadores e com a péssima campanha de 13% aproveitamento no Brasileirão. Nesta hora, os "cornetinhas" não lembram dos objetivos alcançados e que foram relacionados pelo treinador: ser campeão gaúcho e se classificar na Libertadores, sem falar nos seis títulos. Na desgraça, é a crítica que evolui. É da raça humana.
Estrutura
Além de ter bons jogadores para treinar, Renato montou uma estrutura tática maravilhosa. Com Ramiro sendo o fiel cumpridor de ações ofensivas e defensivas, com Arthur, Maicon e Jailson. Recentemente, apareceram Jean Pyerre e Mateus Henrique. Desta forma, o Grêmio se solidificou como time. Atacou sempre, mas nunca se descuidou defensivamente. Geromel e Kannemann foram sempre bem cuidados e protegidos por uma estrutura de três homens de marcação.
Renato fez de tudo para descobrir "outro Ramiro". Concluiu que não existe no clube. Maicon tem enfrentado problemas físicos importantes, Luan sumiu como jogador e Jean Pyerre tem lesão no ombro. Com isso, devo concluir que o time perdeu qualidade. Mudar a estrutura, inventar alguma coisa diferente e formar um novo time parecem ser necessidades imediatas. Alguma coisa tem que ser feita.
Momentos ruins acompanham as melhores equipes, é natural. O que passo a temer é que o treinador não esteja se dando conta da gravidade dos fatos. O momento é delicado, só não vê quem não quer. Tirem fora os jogos do Gauchão, e veremos que não existe uma grande atuação, daquelas de encher os olhos, nesta temporada.