Tenho alguns amigos que se orgulham de meus melhores feitos, tanto se ufanam e me estremecem, que se consideram eles os vitoriosos.
E me amam com tal intensidade e ainda mais eu os quero, que se envergonham até o ultraje tanto quando cometo atos vis quanto quando sentem que eu poderia melhor ter-me saído em embates em que tive atuação pífia ou desastrada.
Sofrem mais do que eu quando minha saúde está ameaçada. E explodem de felicidade quando dou alta de um hospital.
São os meus melhores amigos, são os meus irmãos e irmãs, são os asseclas que o destino me concedeu para enfrentar as duras lidas da vida.
São eles que me erguem e me entusiasmam para a aventura trepidante da existência.
Se eles não existissem, eu não poderia ter-me sequer inscrito para a aventura espinhosa da vida.
Eles representam, no círculo da minha intimidade, já que sou circunstancialmente um homem público, todas as pessoas que por alguma forma toco em meus espaços jornalísticos e que por qualquer jeito torcem por mim e me estimam, embora nunca a grande maioria delas me tenha conhecido pessoalmente.
O sublime é que muitos deles nem suspeitam que estão incluídos nesse meu rol. E só eu sei como estão!
Todos esses meus amigos, os que me frequentam e me honram com sua lealdade afetiva e os que, distantes de mim, se tornam pela magia da amizade tão calorosamente próximos, têm de saber o que agora solenizo: que eu os amo tanto quanto Jesus passou a amar Simão Cirineu, aquele que o ajudou a carregar a cruz no caminho do martírio no Calvário.
Como disse Guimarães Rosa, se algum dia eu for trair um deles, que Deus me fulmine de véspera.
Sem todos esses meus amigos, eu não podia continuar indo à frente. E por causa deles eu não posso mais voltar atrás.
* Crônica publicada em 6/ 6/ 2001