Após duas notificações, a prefeitura de Porto Alegre ainda aguarda um retorno da Leroy Merlin, loja de materiais de construção e decoração, sobre a maneira como o prédio da empresa foi erguido junto ao Pontal Shopping. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo, a construção descumpriu diretrizes do projeto que havia sido aprovado pela pasta, em 2016.
Em resumo, o problema é o grosseiro paredão de frente para a Avenida Padre Cacique. No projeto aprovado, a secretaria exigia "fachadas ativas, com implantação de lojas com abertura para o espaço aberto, estabelecendo uma conexão direta com o espaço público, gerando vitalidade e segurança a este". Ou seja, a intenção era que o empreendimento tivesse portas ou vitrines que dialogassem com a calçada. São prédios assim que costumam garantir movimento e animação ao ambiente urbano.
Mas o que se vê no local é o contrário: além da imensa parede branca, uma enorme garagem no térreo acaba afastando a circulação de pedestres, o que torna aquela área esvaziada e monótona – além de insegura para caminhar. Ao notificar a Leroy Merlin, a prefeitura ainda lembra que, no projeto original, uma das condições era a instalação de vidros transparentes na base do prédio. Isso permitiria que as pessoas pudessem enxergar, desde a Padre Cacique, o parque público que fica do outro lado da loja, à beira do Guaíba.
Sugestão de parede verde
A coluna apurou que a Leroy Merlin, uma multinacional francesa, apenas replicou na Padre Cacique o projeto usado como padrão em lojas do mundo todo. Um erro. Ao autorizar a instalação da Leroy em frente à sua principal paisagem, Porto Alegre merecia um olhar mais dedicado. Erro ainda maior foi da prefeitura, que deixou passar, no governo passado, um projeto sem qualquer conexão com aquele contexto urbano. Agora, pelo menos, busca algumas correções.
– Não vai ficar o ideal, não vamos pedir para demolir o prédio. Mas queremos, no mínimo, algumas adaptações estéticas para tornar aquela parede visualmente mais agradável – diz o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm, que rejeitou a primeira proposta da Leroy Merlin por considerá-la "muito tímida".
Após receber sugestões da secretaria – que incluem uma ideia de parede verde –, a empresa agora tem até novembro para entregar uma nova proposta. Procurada pela coluna, a Leroy enviou uma nota curta: "A empresa esclarece que está em contato contínuo com o órgão competente com o objetivo de buscar uma melhor solução para a questão apontada e tão logo cheguem a uma solução ela será apresentada ao público."