Correção: o professor Maturino Luz leciona História da Arquitetura na PUCRS, e não na UFRGS como publicado entre as 4h34min e as 15h28min de 11 de junho. O texto já foi corrigido.
Depois das estátuas mais lindas (e mais medonhas) da cidade, agora a coluna apresenta os cinco prédios mais espetaculares de Porto Alegre. Na opinião de um especialista, claro: convidamos Maturino Luz, professor de História da Arquitetura da PUCRS, para apontar seus cinco preferidos.
– São obras de três períodos diferentes. Todas, nas suas épocas, tiveram enorme significado – adianta ele, que avaliou quesitos como estética, inovação e importância histórica.
Museu de Arte do Rio Grande do Sul (1916, Praça da Alfândega) - Construído originalmente para abrigar a Delegacia Fiscal da Fazenda, o prédio projetado pelo lendário Theo Wiederspahn é uma joia do ecletismo – período marcado pela mistura de estilos na arquitetura. Embora a obra chame atenção pelo refinamento decorativo (na fachada e no interior), a grande inovação está no pátio com teto envidraçado no centro da construção. "Para a época, era muito moderno", diz o professor Maturino.
Igreja São José (1924, Rua Alberto Bins) - Também em estilo eclético, o projeto surpreende pela maneira como o arquiteto José Lutzenberger – pai do ambientalista de mesmo nome – driblou um problemão. Havia uma imensa rocha no terreno. A saída, então, foi elevar a igreja e criar entradas pelas laterais, com escadarias que levam ao pórtico central. Nesse pórtico, a estátua de São José desenhada pelo próprio Lutzenberger se exibe de frente para a rua. Também são dele as pinturas dentro da igreja.
Hipódromo do Cristal (1959, Avenida Diário de Notícias) - São mais de 20 metros de cobertura em balanço – ou seja, suspensa no ar, sem apoio algum. "Nunca Porto Alegre tinha visto isso", afirma Maturino. Desenhadas pelo arquiteto uruguaio Román Fresnedo Siri, as tribunas são uma pérola da arquitetura moderna brasileira. A começar pela leveza das paredes envidraçadas, o que faz do Hipódromo do Cristal, segundo o professor, um hipódromo de cristal.
Palácio da Justiça (1968, Praça da Matriz) - Carlos Fayet e Luiz Fernando Corona recém haviam concluído a faculdade quando venceram, em 1952, o concurso que selecionou o projeto arquitetônico. Seria uma das primeiras construções a seguir os cinco pontos de Le Corbusier, um dos mais influentes nomes da arquitetura moderna. Térreo permeável, janelas longilíneas e possibilidade de derrubar qualquer parede interna sem afetar a estrutura do prédio estão entre as marcas do palácio.
Fundação Iberê Camargo (2008, Avenida Padre Cacique) - O terreno ficava entre uma avenida e um morro. Talvez outro arquiteto preferisse escavar nas rochas, mas o português Álvaro Siza fez questão de evitar qualquer impacto à natureza. "Não era simples, o terreno era muito estreito", comenta Maturino. Houve quem se assustasse com um projeto sem janelas. Por onde a luz entraria? As claraboias garantiram a iluminação natural, e o prédio introduziu uma nova técnica na arquitetura brasileira contemporânea: o concreto branco.