Entre os mais de 300 monumentos da Capital, cerca de 10% são estátuas – ou seja, esculturas de corpo inteiro. Em geral, são as obras que mais chamam atenção no ambiente urbano de qualquer cidade.
A coluna convidou José Francisco Alves, professor do Atelier Livre da Prefeitura e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, para selecionar as melhores e as piores estátuas da capital gaúcha. Spoiler: no Gre-Nal da feiura, deu empate.
AS MELHORES
Monumento a Giuseppe e Anita Garibaldi (1913, Praça Garibaldi) - Esculpido pelo italiano Filadelfo Simi, esse é um dos primeiros monumentos do país a homenagear uma mulher – que não seja santa – como figura importante para a sociedade. É também um raro conjunto estatuário em mármore, e não em bronze, o que torna a escultura ainda mais nobre.
Gaúcho Oriental (1935, Redenção) - Presente da Associação Rural Uruguaia, a obra de Federico Escalada homenageia o centenário da Revolução Farroupilha retratando o gaúcho clássico, do final do século 18: um trabalhador rural com traços indígenas, em pose pacholenta. É uma irretocável representação de um personagem que une o Rio Grande ao Uruguai e à Argentina.
Monumento a Julio de Castilhos (1913, Praça da Matriz) - O conjunto de estátuas do carioca Décio Villares, encomendado pelo governo gaúcho, resume a vida e o pensamento do líder político mais influente da história do Estado. "É uma obra esteticamente maravilhosa, além de ser um dos monumentos de cunho político mais importantes do Brasil", avalia José Francisco.
O Laçador (1958, Avenida dos Estados) - Ao retratar um gaúcho mais contemporâneo – e até mais idealizado – do que o Oriental da Redenção, a estátua gerou uma identificação sem precedentes na população e tornou-se a obra mais importante do Estado. A autoria é de Antônio Caringi, reconhecido como o maior estatuário da história do Rio Grande do Sul.
AS PIORES
Estátua de Renato Gaúcho (2019, Arena do Grêmio) - "O problema maior é o semblante, que parece uma senhora, com aquele cabelo e a boca aberta", diz José Francisco, lembrando que se trata de um monumento instalado em área privada, ou seja, não é um problema público a sua feiura. Para completar, segundo o professor, a posição de Renato lembra uma bailarina.
Estátua de Fernandão (2014, Estádio Beira-Rio) - "Uma obra infeliz", resume o professor. Também é uma estátua privada, portanto não há muito do que reclamar, mas é inevitável perceber que há sérios problemas de proporção naquele corpo esquisito. "Mesmo assim, o pessoal adora e bate foto, porque é como um filho: mesmo feio, sempre vai ser um filho", diz José Francisco.
AS POLÊMICAS
Estátua de Elis Regina (2009, Usina do Gasômetro) - Não chega a ser um desastre, mas a fisionomia da estátua, definitivamente, não é igual à da cantora. "A Elis era uma mulher bonita", opina José Francisco Alves, para depois lembrar que escultura de boca aberta, na dúvida, é melhor ser evitada. "Fernandão e Renato também estão de boca aberta e olha no que deu".
Obelisco Leonístico (2017, Praça Jaime Telles) - Não tem autoria porque não é uma obra de arte: é um enfeite de jardim comprado à beira de uma estrada. Mas, inacreditavelmente, a prefeitura aprovou o pedido do Lions Clube de Porto Alegre Bento Gonçalves para expor a estátua como monumento público em homenagem ao cinquentenário da instituição. "Uma afronta", segundo José Francisco.