O mais caro nem é dos mais antigos – custa R$ 350 mil porque, no Brasil, só existem outros cinco. Fabricado há 14 anos, o raríssimo Chevrolet SSR faz parte das mais de 80 relíquias estacionadas na garagem de Roberto Lunardelli, o Betinho, 55 anos. Todas estão à venda, inclusive o carro que ele dirige: um Bel Air azul de 1955, impecável – James Dean e outras estrelas de Hollywood adoravam. O preço: R$ 130 mil.
Aberto às vésperas da pandemia, em março deste ano, o Lounge V8 é uma mistura de estacionamento, loja e ponto de encontro que Betinho idealizou após quase três décadas vendendo barcos. Com o setor náutico mal das pernas, ele decidiu apostar na velha paixão por automóveis e alugou o espaço na Avenida Circular, na Vila Jardim, zona norte de Porto Alegre.
– Minha ideia era reunir quem gosta de carros antigos, mas também pessoas dispostas a conhecer um mundo novo – diz Betinho.
Não à toa, o local tem máquina de café, decoração retrô, garrafas de whisky e uma geladeira cheia de cerveja – que não tem sido muito usada, em função da pandemia. A maioria dos veículos é de colecionadores dispostos a vendê-los: Betinho ganha uma comissão de 10% e, se em dois meses ninguém comprar o carro, o proprietário precisa pagar uma taxa mensal para mantê-lo ali.
Entre todos os automóveis, o mais antigo é um Ford Woody Wagon, de 1947 – uma espécie de caminhonete com portas de madeira que, nos velhos tempos, era usada para transporte escolar. Tem também Plymouth, Henry Junior, Morris, Vanguard, além dos menos ilustres Corcel, Brasília, Fusca e Opala. Esse último, segundo Betinho, é o mais procurado de todos:
– É potente, não perdeu a tradição e foi sonho de consumo de muita gente.
Gente que, agora, tem condições de comprar. Aliás, o mais barato entre todos os automóveis é um Candango conversível de 1959. Custa R$ 20 mil, uma ninharia se comparado ao valor afetivo de cada relíquia.
Com Rossana Ruschel