Um sofá eles venderam. O outro foi para o cômodo ao lado. Aí vieram as prateleiras sob medida e, por fim, os pedidos de demissão: ela largou o emprego em uma multinacional americana, e ele interrompeu 20 anos de trabalho em uma gigante de elevadores. Tudo para fazer um armazém na sala de jantar.
– Na família, claro, acham que a gente pirou – diverte-se a engenheira de produção Anelise Welter, 34 anos, ao lado do marido, o contador André Luis de Oliveira, 43.
Em busca de mais qualidade de vida – e de mais tempo com a filha Lorena, de três anos –, o casal decidiu abrir dentro de casa, na Rua Caeté, um comércio que fazia falta na Vila Assunção: o mercadinho de esquina. No Platz Armazém, inaugurado há pouco mais de um ano, a vizinhança compra pães, frutas, verduras, carnes, vinhos, iogurtes, pizzas, carvão, leite condensado – são quase 900 itens ao todo.
– A ideia era transformar nossa sala na despensa das pessoas. Se chegar mais visita no meio do churrasco, pode bater aqui – avisa André.
Sem funcionários, os dois se revezam no atendimento, fazem telentregas (quase sempre à pé) e limpam juntos o espaço de 33 metros quadrados, onde cada centímetro foi planejado por eles. As prateleiras em estilo provençal, por exemplo, além dos puxadores retrô, combinam bem com a construção do imóvel, um elegante chalé suíço de 1945.
Aliás, o portão de entrada recebeu placas com o nome Platz, que significa praça em alemão – porque o armazém fica em frente à Praça Franklin Perez. Mas a ideia é manter o negócio com cara de casa mesmo.
– O movimento é bom, e o retorno financeiro também. Não chegamos ainda ao patamar de antes, quando trabalhávamos em grandes empresas, mas estamos mais felizes – resume Anelise.
Com Rossana Ruschel