Com quase um mês de horário eleitoral, o candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo PROS, Rodrigo Maroni, repete todos os dias o mesmo programa na TV. São 14 segundos com um buldogue no colo se apresentando como "o maior protetor de animais do Brasil". Procurado pela coluna, ele disse que não pretende gravar outro vídeo.
– Nunca vi ninguém votar por propostas. A escolha do candidato é totalmente passional e, como o desinteresse por política é enorme, fazer 30 programas confundiria ainda mais o eleitor – acredita Maroni, que é deputado estadual.
Mas no que, afinal, ele investe os R$ 484 mil que a direção do PROS doou para sua campanha?
– Vai uma parte em material, uma parte em internet, coisas assim. Em comitê... Coisas normais. Contabilidade, advogado, essas coisas – diz o candidato, que considera o dinheiro muito escasso para investir em TV.
Talvez seja, mas, por exemplo, o candidato Valter Nagelstein (PSD), com R$ 80 mil a menos – e com o triplo do tempo que Maroni tem na TV – troca de programa diariamente. João Derly (Republicanos), a mesma coisa: tem metade dos recursos de Maroni e o dobro do tempo de TV, mas não costuma repetir programas.
Perguntado se tem feito campanha na rua, Maroni diz que não – porque, em tempos de pandemia, segundo ele, "é muito mais importante priorizar a vida do que a eleição". Na internet, o candidato afirma fazer campanha, mas "não às ganhas". É mais fácil encontrá-lo, mesmo, no programa repetido da TV, abraçado ao cachorro Pepe.
– Dizem que ele é a minha cara: gordinho, tranquilo e com cara de mongolão – analisa o candidato.