Minha maior curiosidade, antes da entrevista, era entender quem é Sebastião Melo. Eu o conheço, claro: antes de ser deputado, foi um dos vereadores mais atuantes da Câmara de Porto Alegre. Um homem público sério. O intrigante é que, neste ano, ele entrou na campanha com um discurso meio, digamos, inesperado.
Da liberdade econômica às escolas cívico-militares, seu programa de governo mira na direita. Parece mais alinhado com o candidato a vice da sua chapa, o liberal Ricardo Gomes (DEM), do que com a história do próprio Melo.
Na eleição passada, em 2016, quando perdeu para Marchezan, Melo foi apoiado por Manuela D'Ávila (PC do B) no segundo turno e disse à Rádio Gaúcha que tem "uma identidade com a esquerda". Tem mesmo (ou tinha): iniciou a trajetória no movimento estudantil e sempre se orgulhou de ter feito parte da "luta popular". Agora, quatro anos depois, bolsonaristas célebres, como Bibo Nunes (PSL) e Tenente-Coronel Zucco (PSL), fazem campanha para ele.
Algumas convicções de Melo também mudaram. Em 2016, dizia que nunca privatizaria a Carris – porque, nas suas palavras, era "a melhor empresa de transporte público do Brasil". Dias atrás, no entanto, Melo afirmou a GZH que, se houver comprador – adivinhem? –, vai vender a Carris. Não que isso seja um defeito, mas como alguém se transforma tão rapidamente?
Ao responder a essa pergunta, o candidato garantiu que é o mesmo Melo de sempre. Lembrou que é um democrata, que sempre dialogou com as diferentes tendências – e, bem, tudo isso é verdade. Mas é impressionante como ele é flexível.
Se eu for prefeito
Entre segunda-feira (19) e quinta-feira (22), sempre às 11h, GZH entrevistou ao vivo quatro candidatos à prefeitura de Porto Alegre: José Fortunati (PTB), Manuela D'Ávila (PC do B), Nelson Marchezan (PSDB) e Sebastião Melo (MDB).
Batizadas de "Se eu for prefeito", as lives conduzidas pelo colunista Paulo Germano focaram nos problemas e nas soluções para a cidade. O critério para a escolha dos entrevistdos foi a colocação na pesquisa Ibope divulgada em 5 de outubro – GZH convidou os quatro melhores colocados. A ordem das entrevistas foi alfabética. A íntegra dos vídeos segue disponível em gauchazh.com/paulogermano.