No que depender do secretário de Educação de Porto Alegre, Adriano Naves de Brito, as aulas presenciais serão retomadas o quanto antes. Ele apenas aguarda o aval dos especialistas em Saúde da prefeitura – porque, segundo Brito, a reabertura das escolas é uma decisão sanitária, e não pedagógica.
– Há uma confusão entre a volta às aulas e a obrigatoriedade de os pais levarem seus filhos. Os pais podem ser contra levar seus filhos à escola, mas não são eles que decidem quando as aulas voltam. Essa é uma decisão sanitária, estritamente técnica – diz o secretário.
Naves de Brito avalia que, quando as escolas estiverem abertas, aí sim, o debate sobre a quantidade de alunos que assistirão presencialmente às aulas fará algum sentido. Ontem, uma pesquisa do Ibope mostrou que 72% dos brasileiros entendem que as aulas só devem retornar quando houver vacina.
– Por enquanto, estamos debatendo no abstrato. No momento em que as escolas reabrirem, teremos uma realidade concreta para discutir. Serão poucos alunos indo ao colégio? Tudo bem, vamos analisar a situação concreta e, a partir daí, apresentar as soluções pedagógicas para isso – afirma o secretário.
Segundo ele, nem a chegada da vacina garantirá a segurança que as pessoas esperam. Porque, nos primeiros meses, a prioridade será imunizar os grupos de risco. E, mesmo quando os estudantes forem vacinados, conforme o secretário, uma série de dúvidas ainda deverá persistir:
– A eficácia da vacina entre as crianças pode ser imprevisível. Também não se sabe por quanto tempo os jovens ficarão imunes ao vírus. O que quero dizer é que precisamos aprender a conviver com o problema.
Internamente, na prefeitura, há uma expectativa de que as aulas poderiam retornar em outubro – isso se o cenário permanecer favorável, com os indicadores de saúde apontando estabilidade. Naves de Brito considera "completamente absurda" a hipótese, aventada com frequência, de se esquecer o ano de 2020 e recomeçar o calendário normalmente em 2021.
– É fora de propósito deixar toda uma geração com um ano de defasagem. Nós vamos avançar o ano letivo de 2020 sobre o ano civil de 2021. Temos plenas condições de fazer isso. Inclusive já fizemos, para recuperar greve.
O secretário acredita que, com os anos letivos começando e terminando mais tarde, a situação das aulas ficaria regularizada "dentro de dois ou três anos".