Empurradas para o fim da fila em qualquer discussão sobre retomada de atividades, as casas noturnas surpreenderam a prefeitura de Porto Alegre nesta semana. Dois empresários do setor apresentaram protocolos rígidos, com círculos no chão para manter o distanciamento na pista de dança, além de um sistema para desinfetar o ambiente o tempo todo.
Proprietário da Fever, situada na Florêncio Ygartua, Edson Dutra afirma ter investido R$ 50 mil na elaboração de 62 regras que a casa noturna se propõe a seguir. A lista foi entregue na terça-feira (8) ao secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Leonardo Hoff, que prometeu discutir internamente a iniciativa.
– Tenho me informado muito sobre isso, e garanto que, até agora, nenhum outro lugar do mundo fez algo parecido. Muitas casas noturnas, na China, no Japão, na Suécia, na Alemanha, reabriram as portas e, depois, tiveram que fechar de novo justamente porque os protocolos eram frágeis – diz o dono da Fever.
Ele comprou, por exemplo, aparelhos que emitem vapor de peróxido de hidrogênio – um desinfetante que seria capaz de eliminar o coronavírus do local. Segundo o empresário, os equipamentos funcionariam sem parar, durante as quatro horas de balada. Sim, cada festa duraria apenas quatro horas e receberia somente 25% da capacidade de público.
Com menos gente, seria possível manter a distância entre os frequentadores na pista de dança: cada círculo desenhado no chão, com dois metros de diâmetro, poderia receber uma pessoa – ou um grupo de, no máximo, quatro pessoas que já se conhecem e tenham entrado na festa juntas. Mas e o flerte entre grupos diferentes, como ficaria?
– Por exemplo, se um cara chega numa roda com quatro meninas, ele precisa perguntar se pode ficar ali ou não. Se aceitarem, tudo bem, ele entra. Vamos ter seguranças atentos a isso – afirma Daniel Ribeiro, da agência de entretenimento Inpoa, que estava junto na apresentação do material à prefeitura.
Daniel esclarece que todos deverão usar máscara na pista – já nas mesas, separadas por uma distância de dois metros, será permitido retirar a proteção para comer e beber. Outro ponto previsto no protocolo é o sistema que expulsa o ar da casa noturna e traz ar renovado da rua. Isso já ocorre em caso de incêndio, para evitar inalação da fumaça, mas a ideia é mantê-lo funcionando o tempo inteiro.
– É um ambiente esterilizado. Não posso imaginar lugar mais seguro para conhecer outra pessoa – avalia Daniel Ribeiro.