Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

O lugar para beber

Secretário de Segurança quer proibir bebida alcoólica na rua na Cidade Baixa

Proposta será levada ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan

Paulo Germano

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Anselmo Cunha / Agência RBS
Vodca com energético é comum nas madrugadas do bairro

Uma proposta para proibir na Cidade Baixa, bairro boêmio de Porto Alegre, o consumo de bebida alcoólica no espaço público será apresentada ao prefeito Marchezan pelo secretário Rafão Oliveira.

Rafão, que comanda a pasta de Segurança, se reuniu na quinta-feira (6) com promotores do Ministério Público favoráveis à medida. Nas próximas semanas, ele deve levar a ideia ao Gabinete de Gestão Integrada Municipal – órgão que elabora políticas de segurança com participação da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Guarda Municipal.

A avaliação do secretário é de que "a bagunça e a desordem social" que se instalaram na Cidade Baixa exigem respostas enérgicas.

Desde que um triplo homicídio levou pânico à Rua João Alfredo, em janeiro de 2019, as multidões se espalharam por outros pontos do bairro: moradores da Lima e Silva, da José do Patrocínio e da Loureiro da Silva reclamam de tumultos frequentes nas madrugadas.

Os grupos são formados por jovens que, sem intenção de entrar nos bares, levam a própria bebida alcoólica para consumir na rua – em geral, vodca com energético.

A opinião do colunista

Proibir bebida alcoólica em lugares públicos é uma tendência mundial. Na Austrália é assim, na Noruega também, na Coreia do Sul, na Polônia, no Canadá, no Chile, no México. E em 24 Estados americanos – nos outros Estados, é no mínimo proibido ficar bêbado na rua; o cidadão vai dormir na cadeia.

Mas, por aqui, qualquer regra de convivência parece autoritária.

Eu, por exemplo, sou favorável à legalização da maconha. Mas, como ocorre na Holanda, deve haver locais para consumi-la – pode-se fumar maconha em casa, inclusive. Na rua, não. Porque qualquer substância que altere o comportamento, a percepção ou a consciência de alguém, quando consumida no espaço público, pode afetar esse público. E, no espaço público – que é a área de convivência entre todos –, o interesse coletivo precisa estar à frente dos individuais.

Especialistas em segurança dizem que, quando o consumo de bebida alcoólica é regulado na rua, os índices de criminalidade tendem a cair. Por quê? Porque assim se evita um conjunto de pequenas violências – sabe-se que o álcool potencializa a violência – que sugam muito tempo da polícia, como brigas, acidentes de trânsito e perturbação do sossego.

Com poucos policiais na rua, é razoável que a polícia se dedique ao que é mais importante, especialmente à noite: estupros, homicídios, crime organizado etc. O que ocorre na Cidade Baixa é exatamente isso, a polícia ocupada com pequenas violências porque simplesmente não há regras de convívio que deem conta da situação.

Pode-se discordar, claro, mas debater a proposta do secretário Rafão é necessário. 

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