Debatida e prometida desde 2015, a revitalização da mais emblemática via de Porto Alegre enfim parece ganhar fôlego. Depois de uma licitação sem interessados no início do ano, um reformulado edital da prefeitura garantiu a contratação da Encop Engenharia, que fará o projeto executivo do novo calçadão da Rua da Praia.
O trecho entre a General Câmara e a Marechal Floriano, hoje um celeiro de degradação e desleixo, terá nova iluminação, pavimento recuperado, instalação de assentos, acessibilidade e toda uma renovação paisagística. A reforma também abrange a Rua Uruguai, entre a Rua da Praia e a Sete de Setembro.
– Nosso objetivo é tornar aquela região mais atrativa, segura e agradável. Já temos o primeiro trecho da orla revitalizado, e a Rua da Praia desemboca lá, então a ideia é integrar toda essa área – diz o secretário municipal de Infraestrutura, Marcelo Gazen.
Após a assinatura do contrato, que deve ocorrer em duas semanas, a Encop Engenharia, por R$ 116,9 mil, terá seis meses para concluir o projeto executivo – é esse estudo que determinará ponto a ponto como vai ser a obra. Depois, ainda é preciso lançar uma nova licitação para selecionar qual empreiteira executará a reforma.
Não dá para se amarrar muito: o empréstimo de quase R$ 14 milhões para bancar tudo, do Banco de Desenvolvimento da América Latina, precisa ser usado até o fim de 2020 – quer dizer: ou termina-se a obra até lá, ou os recursos são perdidos.
– Estamos no prazo. Se ficar apertado, claro, será aberta uma negociação para estender esse limite, mas hoje não se fala nisso – afirma o secretário Gazen.
Ainda bem. Porque a Rua da Praia tem a Esquina Democrática, a Praça da Alfândega, a Livraria do Globo, a Galeria Chaves, a Casa de Cultura, o Museu do Trabalho, a Igreja das Dores, o antigo quartel, e tudo isso faz dela um monumento à memória da cidade que se estende até o Gasômetro.
Não é possível que Porto Alegre tenha deixado seu principal corredor cultural chegar à degradação que chegou. Já passou da hora de se redimir.