Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Longe da meta

"Vacina causa doença": bilhete mentiroso tenta boicotar imunização contra gripe em Porto Alegre

Disseminação de fake news e histórias mirabolantes ajudam capital gaúcha a produzir seu pior resultado em vacinação dos últimos anos

Paulo Germano

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Cristine Rochol / Divulgação,PMPA
Menina recebe vacina contra a gripe: só 59% das pessoas que integram grupos de risco foram imunizadas até agora

Ao deixar seu filho na escola, na zona norte de Porto Alegre, o secretário municipal da Saúde viu a mãe de um aluno com um cartaz grudado na blusa: "Meu filho é saudável e nunca se vacinou".

Na mesma região, moradores têm recebido uma inquietante mensagem em suas caixas de correspondência. "Vacinas causam doenças graves", diz o título do bilhete, que traz o relato de um suposto pai cujo filho teria morrido após ter sido vacinado (leia a íntegra mais abaixo).

Essa disseminação de delírios atinge a Capital no momento em que a vacinação contra a gripe produz os piores resultados dos últimos anos. Nesta terça-feira (28), a três dias do final da campanha – que termina na sexta (31) –, Porto Alegre havia vacinado apenas 59% das pessoas que fazem parte dos grupos de risco (crianças de até seis anos, mulheres que recém deram à luz, gestantes, idosos e indígenas, entre outros). Em 2018, para se ter uma ideia, 82% foram vacinados. A meta do Ministério da Saúde é sempre 90%.

Segundo o secretário Pablo Stürmer, há outros motivos para a baixa procura. Um deles é que felizmente não há, neste ano, um número significativo de mortes em decorrência da gripe – o que deixa a população menos alarmada. A demora na chegada do frio também faria as pessoas se sentirem menos suscetíveis a doenças.

Reprodução / Reprodução
Bilhete entregue em caixas de correspondência na Zona Norte tenta desencorajar população a se vacinar

Mas a proliferação de fake news preocupa tanto – no país inteiro –, que o Ministério da Saúde ofereceu um número de WhatsApp para responder sobre a veracidade de informações duvidosas: (61) 99289-4640. Entre as notícias já desmentidas, está uma lorota que viralizou nas redes dizendo que o chá de erva-doce teria as mesmas propriedades medicinais do Tamiflu.

– O fenômeno se repete no Brasil todo. E a baixa adesão à vacinação não é um problema específico de Porto Alegre – afirma o secretário Stürmer.

Nunca foi tão necessário reforçar o óbvio: segundo Stürmer, todos os estudos mostram que, com a vacina, as pessoas desenvolvem imunidade à gripe. E os estudos também mostram que, para um surto acontecer – como aconteceu o de sarampo –, basta achar que vacina é bobagem.


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