Para alguém virar nome de rua, tem que morrer. É o que manda a legislação de Porto Alegre desde 1936 – e também há uma lei federal com essa mesma regra. Só que a Capital tem ao menos duas exceções: o vereador Reginaldo Pujol (DEM), 79 anos, dá nome a uma via no Morro da Cruz, enquanto o ex-vereador e ex-prefeito João Dib (PP), 89, nomeia um beco no Rubem Berta.
O caso de Dib é meio engraçado. Segundo ele, durante o primeiro de seus 10 mandatos na Câmara, lá nos anos 1970, "um tal de professor Ramos" vinha liderando o assentamento da Vila Ramos – a vila, hoje, chama-se Nova Santa Rosa.
– O cara queria batizar a vila com o próprio nome, vê se pode. Fui contra o processo todo e, para me acalmar, ele resolveu botar o meu nome no beco – relembra Dib.
Não adiantou nada: o então vereador seguiu criticando o homem – e garante que, até hoje, nunca foi conhecer a ruela sem saída que o homenageia. Mas, embora o Beco João Dib apareça no Waze, no Google Maps, no Uber, no Cabify e nos serviços mais populares da cidade, não há registro de sua existência no mapa oficial da prefeitura.
Já a Rua Reginaldo Pujol, no Morro da Cruz, esta consta nos documentos oficiais – e inclusive exibe num poste a plaquinha padrão do município. Pujol conta que, na década de 1980, quando comandava o Departamento de Habitação (Demhab), um grupo de grileiros tentou expulsar os moradores dali. A comunidade, grata pela intervenção do órgão municipal, decidiu batizar uma via com o nome do então diretor.
– Pensei que era uma brincadeira, mas acabou colando – sorri Pujol.
Segundo a prefeitura, a rua só entrou no mapa oficial porque seus moradores, ao solicitar serviços públicos ao município, passaram a informar o endereço – e a prefeitura passou a aceitá-lo. Legalmente, vale lembrar, não poderia. Mas Pujol e Dib já têm homenagem garantida.
*Colaborou Paulo Egídio