O desafio maior de quem administra a histórica Galeria Chaves, inaugurada em 1930 no coração de Porto Alegre, é fazer as pessoas pararem. Porque entre os 10 mil pedestres que diariamente cruzam o térreo do edifício, boa parte usa a galeria só como atalho: eles entram pela Rua da Praia, escapam pela José Montaury e depois seguem o rumo pelo centro da cidade.
Mas uma nova atração tem segurado gente. Nos corredores do charmoso prédio, estandes oferecem livros – de clássicos a lançamentos – a um preço que também parece de décadas atrás: R$ 10. Não se trata de um sebo, é tudo novinho. Alguns títulos, nas livrarias da cidade, não saem por menos de R$ 144 – outros custam R$ 78, alguns valem R$ 60. Na Galeria Chaves, é tudo por 10 pila.
– Com essa feira, a venda nas lojas da galeria, que nada têm a ver com livros, subiu 20%. Porque as pessoas entram e ficam – comemora o administrador da Chaves, Araquém Idiart.
O projeto Estação das Palavras, da distribuidora Ciranda de Livros, funciona assim: a Ciranda compra títulos de editoras em grande escala – o preço, por isso, fica mais barato. Na hora de vender no varejo, a empresa ainda opta por lucrar pouco com cada livro, apostando que vá faturar com a grande quantidade de vendas a preço baixo.
– E dá certo. Estamos vendendo em torno de 400 livros por dia – diz o produtor cultural Pedro Paulo Graczcki.
A feira na galeria vai até o fim do mês, de segunda a sábado. Quero ver quem vai usar a Chaves só como atalho.