É legítimo ou autoritário o poder público decidir quais produtos as pessoas podem usar? A discussão voltou à tona com um projeto do vereador André Carús (MDB), que pretende acabar com os copos plásticos na cidade inteira. Se o texto for aprovado, nem restaurantes, nem bares, nem ambulantes, nem eventos de rua poderão distribuir os copinhos – a multa pode chegar a R$ 5 mil para quem descumprir a lei.
– Os estabelecimentos vão usar vidro ou acrílico, e os ambulantes poderão vender copos desses materiais. As pessoas, inclusive, passarão a carregar seu próprio copo reutilizável – prevê Carús.
O projeto segue o modelo já proposto pela prefeitura do Rio e, segundo o vereador, foi motivado pela "ineficiência da coleta seletiva" da Capital. De fato, quando não descartado corretamente, o plástico vai parar no Dilúvio e no Guaíba, agredindo o ambiente e até matando animais.
– Mas, quando o governo simplesmente proíbe, ele abre mão de educar – diz o vereador Ricardo Gomes (PP), que defende campanhas de conscientização e maior investimento na fiscalização do descarte.
Segundo ele, a classe média até poderia comprar um copo de R$ 20 para levar na bolsa, mas "esse valor representa dois almoços para quem vive nas periferias". Gomes entende que é preciso deixar as pessoas escolherem se vão arcar com esse custo.
Antes de ir a votação, a proposta vai tramitar pelas comissões da Câmara, o que leva meses. A lei que proíbe o uso de canudinhos, do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), foi sancionada pelo prefeito Marchezan na semana passada.