Desde que a Brigada Militar instituiu uma espécie de “tolerância zero” na Rua João Alfredo – aumentando o patrulhamento da via e dissipando todo tipo de aglomeração –, as multidões migraram para outros pontos da Cidade Baixa.
Faz três semanas que moradores e comerciantes da Rua José do Patrocínio, no entorno do bar Opinião, convivem com o mesmo pandemônio que, durante anos, tomou a João Alfredo: consumo de drogas na rua, funk no volume máximo, trânsito obstruído, gritaria, bebedeira, pichações e gente urinando nas paredes.
– Não há mais como dormir. Sempre teve muita gente por aqui, claro, é uma região movimentada, mas cresceram demais as aglomerações e, principalmente, o ambiente de tensão – diz Roberta Rosito Corrêa, 45 anos, moradora da José do Patrocínio.
Enquanto isso, na João Alfredo, moradores agradecem à Brigada Militar pelo recente choque de ordem implementado na rua – a nova estratégia veio após o triplo homicídio que, na madrugada de 26 de janeiro, levou pânico ao local. Desde lá, todo comportamento irregular é coibido na via: não pode mais caminhar no leito da rua, por exemplo, conduta antes generalizada na João Alfredo. Agora, só na calçada.
Com mais policiais atuando ali em horário estendido – e fazendo abordagens o tempo todo –, as multidões se deslocaram. Além do entorno do Opinião, a esquina da República com a Lima e Silva tem recebido o mesmo público inclinado a excessos.
– Tecnicamente, ainda não há como cravar que houve uma onda migratória. De meu conhecimento, o movimento nesses pontos sempre existiu – avalia o tenente-coronel Luciano Moritz, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar.
Por “questões estratégicas”, ele não revela se a Brigada prepara, em outros pontos da Cidade Baixa, uma atuação semelhante à adotada na João Alfredo.