Não deixa de ser simbólico que os trilhos do antigo bonde de Porto Alegre, na Rua Voluntários da Pátria, estejam renascendo no piso devido ao medonho estado de conservação do asfalto. A reportagem de Marina Pagno, publicada nesta terça-feira (10) em GaúchaZH, é um retrato da recente história viária da Capital: a buraqueira virou uma irritante – e aparentemente inabalável – tradição da cidade.
Verdade que o atual governo, embora tenha demorado para se mexer, já tapou buraco em mais de 300 ruas nos últimos três meses e trocou, de 2017 para cá, o asfalto inteiro em outras 71. Um bom começo, mas ainda pouco para reduzir a percepção geral de que Porto Alegre é um queijo suíço.
Segundo a assessoria da prefeitura, para melhorar o cenário de maneira sensível, a Câmara de Vereadores precisa aprovar os projetos do governo de recuperação financeira – como o novo IPTU e a alteração na carreira dos servidores. Mas quem dera o problema só fosse dinheiro.
Faz décadas que o porto-alegrense é tapeado com um asfalto de qualidade ridícula, como mostrou uma reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI), em setembro passado: o material, vagabundo, dura bem menos do que deveria.
Só o tempo – ou uma nova investigação – dirá se a pavimentação que a administração atual utiliza é melhorzinha. O que se sabe, por enquanto, é que o cidadão muito já pagou com impostos por um serviço malfeito e, como se não bastasse, vem pagando de novo por suspensões, eixos, pneus e amortecedores estropiados.
Olha, é de se sentir saudade dos bondes.