Fosse apresentado há nove ou 10 meses, esse mesmo pedido de impeachment que tramita na Câmara contra o prefeito Marchezan teria boas chances de prosperar. Hoje, não tem.
Naquela época, a maioria dos vereadores só havia rejeitado um outro pedido de afastamento – protocolado por dois taxistas que acusavam o prefeito de descumprir a lei dos aplicativos – porque a denúncia realmente era ridícula. Mas alguns parlamentares já preparavam uma nova acusação, considerada mais plausível, idêntica à que foi apresentada na semana passada por um membro do PPS.
O argumento: Marchezan transferiu recursos para a Carris sem autorização do Legislativo. De fato, não pode – mas é comum prefeitos fazerem isso, inclusive com a intenção de salvar a empresa da falência.
No ano passado, quando o ambiente político era desastroso (o auge da crise veio com a frase "parlamentar é cagão"), esta seria a faísca necessária para os vereadores incendiarem o governo. Mas, de lá para cá, o prefeito conseguiu estabelecer uma relação pelo menos amistosa com a Câmara – ainda que sua base aliada continue distante de qualquer consistência.
Por isso, sem uma denúncia de grande potencial explosivo, não vai ter impeachment. Seria uma estupidez se tivesse.