O despedaçado Ginásio da Brigada Militar, que produz um dos cenários mais horrorosos de Porto Alegre, continua ostentando escombros dois meses após a prefeitura e o Crea pedirem providências ao governo do Estado. Engenheiros temem que um temporal mais violento derrube o paredão que assusta quem cruza a esquina da Ipiranga com a Silva Só.
Além de a prefeitura ter feito o pedido formalmente, a coluna já solicitou três vezes um laudo que a Brigada Militar afirma ter: o documento detalhando os riscos que o ginásio oferece à população. Na última solicitação da coluna, por meio da lei de acesso à informação, a Brigada respondeu duas semanas depois que precisaria de mais 10 dias para atender ao pedido.
Conforme o chefe do Estado Maior da Brigada Militar, coronel Julio Cesar Rocha, a empresa que vai demolir as estruturas comprometidas deve ser contratada na próxima semana. A previsão inicial era de que a demolição ocorresse ainda em janeiro — mas, segundo o coronel, a primeira empresa selecionada pediu rescisão de contrato por problemas financeiros.
— Tivemos de voltar à estaca zero, mas estamos agindo com celeridade. Esta é uma questão prioritária — garante ele.
A prefeitura até já multou o governo do Estado. E ainda pediu que o ginásio fosse totalmente isolado do público — com telas de proteção ou escoras apoiadas na parede, para impedir qualquer possibilidade de acidente. Não foi atendida.
Que há entraves burocráticos em qualquer coisa envolvendo o poder público, já sabemos. Mas, quando há risco à integridade física das pessoas, nada justifica dois meses inteiros sem que se resolva absolutamente nada.