Silvia abriu um evento no Facebook, anunciou que faria um painel colorido em uma fachada desbotada, pediu para as pessoas enviarem peças de mosaico e, em poucas semanas, chegaram 350. Trezentas e cinquenta!
Veio mosaico de São Paulo, Espírito Santo, Rio, Paraná, Argentina, Chile, Uruguai, Espanha — e todos agora decoram a parede na esquina da Riachuelo com a Borges de Medeiros, no Centro Histórico.
— A comunidade de mosaicistas é muito grande — revela Silvia Marcon, artista plástica com especialização em mosaico na Itália, idealizadora do projeto.
Quem quisesse contribuir precisava seguir uma única orientação: montadas em fibra de vidro, as peças deveriam exibir imagens de um coração, de uma flor ou do símbolo de paz e amor. O resultado — valorizado pela pintura roxa que Silvia escolheu para a parede do prédio — é um espetáculo de variações dos mesmos desenhos.
— Nenhum ficou igual, porque cada pessoa fez sua própria criação — orgulha-se ela, para depois explicar a origem da ideia: — O povo adora ver cor na rua, e me agrada proporcionar isso para a cidade. Estamos tão carentes de cultura, que os mosaicos dão um pouco de alento.
Cerca de 20 artistas plásticos, amigos e ex-alunos de Silvia participaram do processo de fixação das peças, que começou no ano passado e só terminou neste mês. A fachada que recebeu a intervenção é da histórica Casa do Estudante Universitário Aparício Cora de Almeida, a Ceuaca, que há quatro anos não recebe alunos.
— Quero chamar a atenção para a situação desse imóvel, que é enorme e poderia abrigar dezenas de estudantes, mas está apodrecendo. É triste ver que chegou a esse ponto — lamenta ela.
Pelo menos alguma cor a Ceuaca agora tem.