Os diretores da Associação De Peito Aberto, que atende gratuitamente 180 crianças pobres com graves doenças pulmonares, em Porto Alegre, reuniram-se ontem para discutir uma medida drástica: suspender a assistência de 90 pacientes.
Desde novembro passado, a entidade beneficente levou apenas R$ 4,9 mil dos R$ 35 mil que deveria ter recebido do Funcriança – o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Todo o dinheiro do Funcriança, criado por lei em 1991, vem de pessoas físicas e jurídicas que doam para o fundo um percentual do Imposto de Renda.
– Sempre que ligo para lá, dizem que o nosso pedido está em tramitação, que não sabem quando vão liberar a verba – diz o vice-presidente da Associação De Peito Aberto, o pneumologista Gilberto Bueno Fischer.
Conforme ele, o pagamento do condomínio da sede onde as crianças são atendidas, na Rua Garibaldi, e o salário dos funcionários estão atrasados há meses. A associação oferece assistentes sociais, médicos, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas para tratar meninos e meninas que receberam alta de hospitais, mas, por falta de dinheiro, não conseguem manter o acompanhamento necessário. Como as doenças são crônicas, a reinternação hospitalar é praxe se os atendimentos são suspensos.
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Em entrevista à coluna, um membro do conselho municipal responsável por liberar os recursos do Funcriança disse que todas as outras entidades estão recebendo em dia. Segundo ele, como o pedido mais recente da Associação De Peito Aberto foi feito em abril, o prazo para o repasse de R$ 35.297,82 se esgota na semana que vem. Só que o conselheiro não autorizou a divulgação do seu nome.
A coluna, então, solicitou que outra pessoa assumisse esse compromisso revelando sua identidade. Foi indicado para falar o subgerente do conselho, que, ao final da entrevista, também se negou a dizer o nome completo. Mas prometeu para a semana que vem os R$ 35 mil na conta da associação.
Estranho, mas vamos aguardar.