O vereador Rodrigo Maroni (PR) escreveu uma resposta à coluna da semana passada, na qual critiquei seu projeto que prevê "prisão perpétua" a quem for "sarcástico com animais" – proposta que, além de fugir da alçada da Câmara, fere a Constituição, que proíbe penas perpétuas. Segue a íntegra:
Na coluna do jornalista Paulo Germano, foram questionados diversos projetos meus relacionados à proteção aos animais, como a prisão para quem furtar animais domésticos, a sugestão para adoção de animais, coleira eletrônica e sarcasmo – referindo-me a torturas, tais como estupro e enterrar vivo.
Todos esses projetos têm um motivo para existir, porque estupradores e assassinos de animais vivem livres e soltos. Recebo centenas de pedidos de ajuda, como atropelamentos de animais, estupros, assassinatos a tiros ou mortes a pauladas. Lamentavelmente, em nenhum desses casos o criminoso foi para a cadeia. Se proponho tal discussão, é porque as leis no país estão atrasadas em relação à causa animal.
Pois bem, ninguém apontou inconstitucionalidade quando tive que cumprir o papel de hospital público veterinário 24 horas em dezenas de municípios, ou salvar centenas de animais por não haver uma delegacia especializada na causa animal, ou tentar fazer parcerias com clínicas para atendimento e castração – desejo que, um dia, tenha-se 100% dos animais castrados para não enxugarmos gelo.
Este louco, um mero vereador, teve que todas as vezes ser inconstitucional para salvar vidas. Porque ali havia dor, sofrimento e medo. E ali não era o vereador inconstitucional, mas alguém que não podia ver aquilo e deixar para trás. Infelizmente, em vez de isso ser algo para gerar reflexão na sociedade, muitas vezes fui apenas ironizado.
Continuarei dando minha vida de forma inconstitucional para que a realidade dos animais mude. Acredito que a política deva ser um gesto de doação, sensibilidade e amor.