Um amigo me ligou emocionado, comentando um texto que escrevi esses dias. Falava sobre ter a guarda compartilhada do filho, sobre um homem repartir as responsabilidades e desafios com a esposa. Pra muitos é um discurso revolucionário, pra outros óbvio. Meu amigo precisou se separar pra entender.
Não foi o primeiro homem que me disse isso. Seguidamente, homens me procuram pra dizer: precisei me separar pra entender. Vivemos desconsiderando a ameaça do divórcio, achando que nossas mulheres são loucas, que reclamam de barriga cheia, que não sabem como é difícil sustentar uma casa. Até que nossas mulheres dizem: "Então tá. Acabou".
Na hora que a gente entra no apartamento novo, vazio e sem crianças, bate aquela tristeza. Você, então, luta pra ter a presença dos filhos, pra ter guarda compartilhada. Batalha pra ficar com eles metade dos dias, se dispõe a levá-los na escola, fazer merenda, arrumar uniforme, participar das reuniões escolares, estar no grupo de whatsapp do colégio.
Você se vira em muitos pra pegar sempre na hora, pra pagar todas as contas e pra dar conta de cuidar da casa. Você virou aquilo que sua ex-mulher sempre quis que você fosse. Um pai participativo, batalhador, esforçado, que se emociona com cada segundo ao lado dos filhos. Você quase perdeu esse sorriso. Você quase deixou passar essa brincadeira. Você quase não viu crescer sua obra-prima.
Você aprendeu pela dor. Se apaixonou pelas dificuldades e pelos desafios. Aprendeu que o trabalho não era tão importante assim. Nem o churrasco e o happy hour. Nem o carro e o celular novo. Importante mesmo era aprender a valorizar o que realmente fica pra sempre. O dia a dia com suas obras-primas.
Seja como for, que bom que aprendemos.