O Peru chamou para consultas seu embaixador em Caracas, após ofensas proferidas contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e pelo próprio presidente Nicolás Maduro.
Em nota diplomática, o Peru expressa "seu mais enérgico protesto e absoluta rejeição às expressões insolentes formuladas pelo presidente da República e a ministra das Relações Exteriores da Venezuela sobre o presidente do Peru", e informa que decidiu "chamar para consultas" seu embaixador na Venezuela.
Delcy chamou PPK de "cachorro simpático" após o presidente do Peru fazer comentários sobre a América Latina que a Venezuela considerou ofensivos.
- Senhor Kuczynski, você é um covarde. Se atreve a agredir a identidade latino-americana, e digo aqui que o único cachorro simpático que há é você, que pede a intervenção na Venezuela. Um cachorro simpático que bate o rabo para o Império (EUA)", disse Rodríguez durante seminário em Caracas.
O presidente peruano afirmou no dia 25 de fevereiro, na Universidade de Princeton (Nova Jersey), que os EUA "não investem muito tempo na América Latina, pois (a região) é como um cachorro simpático que está dormindo no tapete; mas no caso da Venezuela há um grande problema".
Na sexta-feira, Nicolás Maduro pediu a Kuczynski que se retratasse por estas "declarações ofensivas à identidade e ao sentimento latino-americano".
A chanceler venezuelana afirmou que além de Kuczynski há "um outro cachorro que já passou a ser do Império (EUA) e está na OEA", em referência ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro.
- São os únicos que, simpaticamente, balançam o rabo para seus donos imperialistas - disse Delcy.
Almagro promove a aplicação da carta democrática interamericana na Venezuela, mecanismo que faculta à OEA intervir em caso de grave alteração constitucional e, em última instância, suspender o país envolvido.
Em nota de protesto entregue à embaixada da Venezuela em Lima, o governo peruano considera que as expressões usadas em relação ao seu presidente são "inaceitáveis entre dois Estados que mantêm relações diplomáticas, base sobre a qual as autoridades devem observar mútuo respeito".
O chanceler do Peru, Ricardo Luna, já havia lamentado e rejeitado "as declarações da chanceler da Venezuela, que são insolentes e inaceitáveis".
De acordo com Luna, Kuczynski utilizou apenas uma "expressão metafórica" que pode ter sido entendida como uma ofensa.