A novela Marfrig em Alegrete teve mais um capítulo nesta semana com a decisão da Justiça do Trabalho de suspender a demissão em massa de 648 trabalhadores, até que seja feita negociação coletiva com o sindicato da categoria. Embora represente alento para negociação dos trabalhadores com a empresa, a liminar não deve provocar efeito maior – como ocorreu em 2015 com a sobrevida da unidade. Agora, dois anos após a primeira tentativa de fechamento, a companhia afirma que a única alternativa é o encerramento das atividades.
Em audiência com o vice-governador José Paulo Cairolli, nesta quarta-feira no Palácio Piratini, o vice-presidente global do Grupo Marfrig, Heraldo Geres, reafirmou que o fechamento será concretizado em janeiro. A companhia alega que o enxugamento é necessário para viabilizar a operação de outras duas plantas industriais no Estado – em Bagé e São Gabriel.
Em férias coletivas em Alegrete, a empresa pretendia efetivar os desligamentos no dia 3 de janeiro, quando os funcionários voltariam ao trabalho. Pela liminar concedida pela juíza Fabiana Gallon ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do município, as demissões só poderão ocorrer depois de negociação coletiva com a categoria.
– A decisão judicial não impede o fechamento, mas pelo menos garante um espaço para discutir as demissões – diz Marcos Rosse, presidente da entidade.
Até chegar ao acordo com a categoria, a empresa terá de manter o salário dos funcionários, mesmo com o encerramento das atividades. Em caso de descumprimento, a multa prevista pela Justiça é de R$ 100 milhões.
A esperança dos alegretenses agora é de que a planta possa ser ocupada por outra indústria. Arrendada do Frigorífico do Mercosul até 2031, a unidade já teria interessados. Na audiência de ontem, os executivos disseram que a empresa está aberta a negociações.
– Essa possibilidade é muito importante neste momento, até porque sabemos que o problema não é falta de gado na região – afirma Pedro Píffero, presidente do Sindicato Rural de Alegrete.
Com capacidade para abate diário de até 700 cabeças de gado, a unidade da Marfrig em Alegrete é habilitada para exportar a 12 países, incluindo China, Rússia e União Europeia – principais mercados importadores de carne bovina.