Em duas rodadas de leilões públicos para escoar a safra de trigo no Rio Grande do Sul, foram negociadas 265 mil toneladas – pouco mais da metade estimada para começar a mexer com o mercado, parado com o cereal cotado abaixo do preço mínimo. Se as operações tivessem sido autorizadas antes, com volumes maiores ofertados já no início, a produção poderia ter sido escoada antes do avanço da colheita na Argentina – principal concorrente do trigo brasileiro.
A expectativa agora é para os últimos leilões, de 300 mil toneladas, previstos para a próxima sexta-feira. Com uma colheita estimada em 2,4 milhões de toneladas no Estado, calcula-se que o excedente seja de pelo menos 1,2 milhão de toneladas.
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Na segunda rodada de oferta do cereal com subvenção, na sexta-feira passada, as 120 mil toneladas ofertadas no Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) foram negociadas. Já na operação voltada a indústrias e moinhos, o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), apenas mil das 50 mil toneladas foram escoadas. A baixa atratividade do PEP é atribuída às regras do edital, que preveem obrigações diferentes para cooperativas e cerealistas:
– Queremos participar dos leilões, mas a burocracia tem nos impedido – relata Vicente Barbiero, presidente da Associação dos Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs).
As empresas reclamam de pontos que não estão claros no edital, gerando insegurança jurídica.
O operador de mercado Antônio Cardoso Garcia, da JF Corretora, também relata dificuldades em relação à exigência de venda apenas ao Norte e ao Nordeste ou para exportação:
– O pequeno cerealista, muitas vezes, não tem radar para exportação, e no Norte e no Nordeste o trigo argentino tem chegado com preço mais atrativo. Os estoques mundiais estão altíssimos – explica o operador.
A situação foi relatada à superintendência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Estado, que informou ter repassado à questão para Brasília.