O turista parisiense poderá cruzar a partir de agora com simpáticos cães nas estações de metrô da cidade. Na verdade, trata-se de cães farejadores de explosivos, uma nova experiência, em período de teste por seis meses, em 32 estações do metrô da cidade, além da linha de metrô suburbano RER A. Em tempos de constante ameaça terrorista, a ideia é agilizar a intervenção das forças da ordem em casos de bagagens ou pacotes suspeitos abandonados nos subterrâneos. Entre janeiro e outubro deste ano, a RATP, empresa que administra o transporte público na capital francesa, registrou 2.017 pacotes suspeitos no metrô (um aumento de 60% em relação a 2015), uma média de sete por dia, provocando interrupções do tráfego ou fechamento temporário de estações. Os cães farejadores, em número inicial de quatro pastores-belgas e um labrador, foram treinados para detectar com rapidez a existência de traços de explosivos. Em caso positivo, o animal senta-se ou deita-se, e o esquadrão antibomba é alertado. Os cães, aliás, poderão perceber explosivos também em pacotes não abandonados. Ao mesmo tempo, foi lançada uma campanha de sensibilização para incitar os usuários do metrô a terem maior cuidado com seus pertences, para evitar a intervenção canina ou dos policiais e a consequente perturbação do tráfego e apreensão dos passageiros.
Patrimônio histórico
O museu do Grand Palais vai inaugurar no próximo dia 14 uma exposição militante, de alerta para a ameaça ao patrimônio artístico e arquitetônico mundial em zonas de conflito, em sítios históricos diretamente atacados ou que sofreram "danos colaterais" de guerras recentes ou em curso. Será um "espetáculo imersivo", graças às imagens 3D e digitais, em 360°, feitas a partir de drones que sobrevoaram quatro locais ameaçados: Khorsabad, no Iraque do norte; Palmira; Damasco (com a Mesquita dos Omíadas) e o Krak dos Cavaleiros (próximo a Homs), todos na Síria. Os filmes foram combinados com fotos antigas, gravuras e aquarelas, para dar uma ideia da evolução das áreas ao longo do tempo. Também serão apresentadas algumas obras do acervo do Museu do Louvre. A França está engajada na luta contra o tráfico mundial de obras de arte, que hoje serve em grande parte ao financiamento do Estado Islâmico (EI).
– Não se trata apenas de um problema de pedras antigas – me disse recentemente aqui, numa entrevista, o presidente do Louvre, Jean-Luc Martinez, que concluiu: – Deve-se sair do debate moral de bons e maus e se conscientizar de que podemos todos ser receptadores. Não são simplesmente os vendedores que se deve denunciar, mas também os compradores.
A mostra Sítios eternos, de acesso gratuito, poderá ser visitada até o dia 9 de janeiro.
Charges ao ar livre
A charge e o desenho humorístico, frequentemente atacados em tempos de tentativas de restrições à liberdade de expressão em vários cantos do mundo, ganharam mais um espaço para defender sua causa. Até o próximo dia 8, as grades externas do Hôtel de Ville, a sede da prefeitura de Paris, no centro da cidade, expõem 19 desenhos humorísticos assinados por chargistas de diferentes países. A mostra acompanha o recente lançamento do livro Les dessin de presse dans tous ses états ("O desenho de imprensa em todos os seus estados", ed. Gallimard), que celebra os 10 anos da associação internacional Cartooning for Peace, presidida pelo francês Plantu, que reúne 147 chargistas na luta contra a censura ao desenho de humor.
Um brinde à arte
Para quem pretende visitar a região de Reims e suas célebres caves de champanha, é possível também aliar degustação e arte contemporânea. Há 13 anos, a champanha Pommery promove uma exposição a 30 metros de profundidade, instalada nos túneis de suas crayères, as caves de pedra calcária da região. Neste ano, a mostra batizada de Gigantesque! apresenta criações de 23 artistas internacionais. O espanhol Pablo Valbuena iluminou os degraus da longa escada que conduz às profundezas. O coreano Choi Jeong Hwa suspendeu tótens e objetos plásticos em uma das galerias. Lee Mingwei, americano nascido em Taiwan, recriou Guernica, de Pablo Picasso, na areia, para depois varrê-la em uma performance. Há ainda trabalhos de Daniel Buren, Brook Andrew, Lilian Bourgeat, Vincent Carlier, Séverine Hubard, Guy Limone, Chaim van Luit, Enrique Ramirez, Su-Mei Tse e Iván Navarro, entre outros.