As reuniões entre o governo e a oposição na Colômbia sobre um novo acordo com as Farc terminaram, e as propostas acertadas serão levadas à guerrilha para sua avaliação, informou o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo. Após cinco dias e muitas horas de reuniões, as partes conseguiram concluir um documento "com propostas e opções" dos setores que promoveram a vitória do "não" no referendo, de voto facultativo e altíssima abstenção, sobre o acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2 de outubro.
O presidente Juan Manuel Santos, que está na Europa, havia defendido a prorrogação do diálogo com a oposição por mais alguns dias.
- As mais de 400 propostas recebidas se organizaram em torno de 60 eixos temáticos, sobre os quais os representantes do "não" precisaram suas diferentes propostas. Houve temas polêmicos, mas sempre discutidos com respeito e espírito construtivo - disse Cristo. - Esse exercício permitiu construir um documento no qual se identificam os temas que exigem maior precisão e, na opinião dos representantes do "não", alterações no acordo.
As propostas serão apresentadas às Farc por uma equipe liderada pelo alto comissário para a paz, Sergio Jaramillo, que viajaria ainda hoje a Havana.
- Apesar da complexidade e da dificuldade dos temas, esperamos avançar na construção do novo acordo no menor tempo possível. Há urgência - disse Cristo.
Após o acordo ser rejeitado no referendo - por pequena margem - Santos iniciou negociações com a oposição, liderada principalmente pelo ex-presidente Álvaro Uribe, visando um novo tratado. A oposição critica principalmente a "impunidade total" e a elegibilidade política que, segundo seu conceito, os acordos concedem a guerrilheiros envolvidos em crimes atrozes.
A Colômbia registra mais de 260 mil mortos em meio século de violência fratricida, envolvendo guerrilheiros, paramilitares e as forças públicas.