A agitação global provocada pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos tirou nesta quinta-feira o mercado da soja de um marasmo que durava cerca de dois meses. Com o dólar chegando a subir 5% ao longo do dia e alta das cotações em Chicago, a saca de 60 quilos da safra 2016/2017 posta no porto de Rio Grande em abril do próximo ano chegou a bater em R$ 83. No início da semana, girou ao redor de R$ 80.
Com um latifúndio de incertezas nos fronts internos e externos pela frente, os produtores devem aproveitar os momentos de alta volatilidade nos mercados que os favoreçam para fixar preço de pelo menos uma parte da produção, principalmente a futura, entente o operador de mercado Índio Brasil dos Santos, da Solo Corretora de Cereais, de Ijuí.
– O produtor precisa ficar atento. Há poucos dias o dólar estava em R$ 3,10 – lembra Santos.
No Exterior, surgem especulações de que os planos de Trump de acelerar o crescimento da economia americana podem fazer o juro por lá subir mais do que o esperado em 2017, com reflexos no câmbio. No cenário interno, reaparecem dúvidas sobre a estabilidade do governo Temer, o que também poderia pressionar o dólar, que nesta quinta-feira fechou em alta de 4,7%, aos R$ 3,36.
A diretora comercial da paranaense Labhoro Corretora, Andrea Cordeiro, também diz ter notado movimento atípico nesta quinta, como produtores e cerealistas em busca de vender soja da safra velha e da nova para fazer caixa. Mas, como o mercado não está com demanda forte, a resposta veio com prêmios menores nos negócios.
*Interino