Com a projeção de colher 32,18 milhões de toneladas de grãos na safra atual, o Rio Grande do Sul poderá armazenar apenas 28,43 milhões de toneladas – déficit de 3,74 milhões de toneladas. A diferença entre a produção e a capacidade estática é a maior das últimas cinco safras, conforme diagnóstico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No ciclo passado, a capacidade era de 30,23 milhões de toneladas, encolhendo agora em 5,6%. A redução pode ser atribuída ao descadastro de alguns armazéns pela Conab. Desde o ano passado, o órgão passou a fazer exigências para o registro de silos. Conforme o diagnóstico da armazenagem, os maiores déficits estão concentrados na microrregiões de Frederico Westphalen, Santiago, Jaguarão, Santiago e Vacaria.
– O descasamento entre o crescimento da produção e da armazenagem é cada vez mais preocupante – destaca Carlos Cogo, consultor em agronegócios.
O descompasso é atribuído principalmente à escassez de recursos para financiamento de investimentos no setor. Quando lançado, em 2013, o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) previa R$ 5 bilhões por ano para reduzir o déficit de armazenagem no país até 2018. Nos dois primeiros anos, o programa deslanchou de vento em popa.
Na safra passada, os recursos foram reduzidos pela metade, para R$ 2,4 bilhões. No ciclo atual, encolheram ainda mais, ficando em R$ 1,4 bilhão – levando indústrias do setor a reduzirem turnos de trabalho e a demitirem funcionários.
– Esse valor é suficiente para atender a demanda de três a quatro meses – calcula Cogo.
Em 2013, quando o PCA foi criado, os armazéns brasileiros comportavam cerca de 150 milhões de toneladas e a intenção era aumentar em 10 milhões de toneladas por ano. De lá para cá, a capacidade cresceu em apenas 6 milhões de toneladas, não passando de 156 milhões de toneladas. Bem distante das 200 milhões de toneladas de grãos projetadas para a safra atual.