Enquanto os gaúchos lamentam a situação de museus e instituições culturais que sobrevivem à míngua, em alguns casos reduzindo os dias de atendimento ao público para não fechar definitivamente as portas, os mineiros festejam os 10 anos do INSTITUTO INHOTIM. O maravilhoso centro de arte contemporânea e jardim botânico idealizado pelo empresário mineiro Bernardo Paz em Brumadinho – cidade a 60 quilômetros de Belo Horizonte – reúne pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, vídeos e instalações de mais de cem renomados artistas brasileiros e estrangeiros de 30 diferentes países, espalhados em pavilhões, galerias e ao ar livre, em 140 hectares.
A programação que comemorou uma década do espaço incluiu na primeira quinzena deste mês uma série de atividades, como visitas noturnas e seminários. Um dos destaques foi a série de performances em homenagem a TUNGA (1952 – 2016), artista que incentivou o colecionador e amigo Paz a criar Inhotim e cuja galeria temática é a maior do parque. Entre as performances do pernambucano recriadas estão Xifópagas capilares entre nós, de 1984, e True rouge, de 1997 – apresentada no local onde se encontra a bela instalação de Tunga com o mesmo nome.
Entre as atrações musicais, os destaques foram os shows abertos de FERNANDA TAKAI e MARISA MONTE. Aliás, a Contracapa estava lá no último dia 10, quando Marisa e o público testemunharam um momento mágico: bem na hora em que a intérprete cantava os versos "Ô, chuva, vem me dizer / Se posso ir lá em cima pra derramar você”, da canção Segue o seco, adivinha o que aconteceu? Isso mesmo, começou a chover.
Já as galerias Mata e Lago estão abrigando desde o dia 8 duas novas exposições temporárias. Uma das obras mais bacanas em exibição na Mata é a instalação Jungle jam (2011), do coletivo CHELPA FERRO, em que 30 motores de máquina de costura giram alternadamente 30 sacolas plásticas, criando uma curiosa sinfonia cacofônica.
CINCO RAZÕES PARA CONHECER INHOTIM
1) FORTY PART MOTET (2001)
A artista canadense Janet Cardiff criou uma instalação sonora em que 40 caixas de som reproduzem individualmente cada uma das vozes do Salisbury Cathedral Choir cantando um moteto do compositor inglês Thomas Tallis (c. 1505 – 1585). O efeito é simplesmente arrebatador.
2) GALERIA CLAUDIA ANDUJAR
Inaugurado em novembro de 2015, o pavilhão de 1,6 mil metros quadrados é o segundo maior do parque e exibe mais de 400 fotografias incríveis realizadas pela artista entre 1970 e 2010 na Amazônia brasileira, registando o cotidiano dos ianomâmi.
3) BEAM DROP INHOTIM (2008)
O artista americano Chris Burden recriou no alto de um morro uma obra monumental produzida originalmente em um parque de esculturas no Estado de Nova York, em 1984: durante 12 horas,
um guindaste de 45 metros de altura lançou em uma poça de cimento fresco 71 vigas de metal. O resultado é impressionante: é como se um deus tivesse jogado do alto seus raios sobre a montanha.
4) GALERIA ADRIANA VAREJÃO
O belo espaço dedicado à artista carioca reúne pinturas e instalações que exibem alguns dos principais interesses de Adriana Varejão, como os desenhos científicos de pássaros e da flora, as ruínas arquitetônicas e, especialmente, os azulejos portugueses.
5) DESVIO PARA O VERMELHO (1967 – 1984)
Cildo Meireles criou três ambientes decorados com objetos cotidianos e obras de outros artistas cujo denominador comum é uma obsessão cromática: a cor vermelha. Imperdíveis também são as outras instalações expostas na galeria do artista carioca: Através (1983 – 1989) e Glove trotter (1991).