Principal palco dos ataques terroristas em Paris na noite de 13 de novembro de 2015, a mítica sala de espetáculos Bataclan prepara sem muito alarde a retomada de sua programação de concertos. O primeiro deles será do inglês Pete Doherty, já com dois shows com ingressos esgotados, nos dias 16 e 17 de novembro, quando tocará sua canção composta sobre a tragédia, Hell to pay at the gates of heaven. Sua conterrânea Marianne Faithfull, cidadã parisiense, se apresentará no dia 25 de novembro, e também cantará uma música de sua autoria em torno dos atentados, They come at night. Logo depois, no dia 29, será a vez de a franco-israelita Yael Naim, compositora do hit mundial New soul, subir ao palco. No total, 19 shows já foram contratados, entre atrações francesas e estrangeiras. Muitos parisienses admitem não terem saído do pesadelo do 13 de novembro e não se sentem ainda prontos para pisar novamente no Bataclan, atualmente em fase final de obras para retomar o aspecto original exibido antes do massacre que causou 90 vítimas durante o concerto do grupo Eagles of Death Metal. Outros, ao contrário, contam os dias para a reabertura da casa e prometem estar presentes como um ato de resistência, no espírito the show must go on.
Brigada da civilidade
Ao turista desavisado e incivilizado que descuidada ou propositalmente jogar algum lixo nas calçadas de Paris, um alerta: na última segunda-feira entrou em ação na cidade a DPSP. A sigla corresponde à Direção de Proteção, de Segurança e de Prevenção, autodefinida como "brigada de luta contra incivilidades". Armada de seu bloco de multas, a unidade, composta de 1,8 mil integrantes, está vigilante para sancionar desde vendedores ambulantes sem licença, ocupações indevidas do espaço público e não recolhimento de fezes caninas até fumantes que atiram tocos de cigarro ao chão e mijões apressados em suas necessidades nos muros da cidade. Uma equipe móvel de 320 agentes poderá intervir na capital francesa nos sete dias da semana e nas 24 horas do dia, principalmente em situações de emergência do cotidiano urbano à noite e nos fins de semana. A ideia é também desafogar o trabalho da polícia municipal, nestes tempos de plano antiterrorista Vigipirate, e deixar as forças de ordem se concentrarem em suas missões prioritárias de segurança dos cidadãos. A multa básica para incivilidades como desrespeito à limpeza do espaço público, ou jogar baganas nas calçadas, é de 68 euros. Desde outubro de 2015, quando a medida foi implantada, mais de 2,5 mil fumantes já foram sancionados. Um número que, com a chegada da brigada da DPSP, deverá certamente aumentar.
Tête-à-tête com Cristiana Reali
A atriz brasileira de nascimento e francesa por adoção – radicada no país de Molière desde sua infância – estará novamente em cena nos palcos de Paris a partir do próximo 23 com a peça M’man, no Théâtre du Petit Saint-Martin (17 rua René Boulanger, 75010). Trata-se de uma comédia agridoce sobre uma grande história de amor entre uma mãe (Cristiana) e seu filho (Robin Causse), escrita por Fabrice Melquiot e dirigida por Charles Templon.
Uma lembrança em Paris?
O primeiro passeio de Bateaux Mouches em família.
Um lugar seu em Paris?
Uma volta de roda-gigante à 1h da manhã com um cálice de champanha e em boa companhia.
Um café em Paris?
O terraço do café Corso, na Avenue Trudaine.
Uma escolha do menu?
Ostras fine de Claire n° 3, no inverno.
Paris manhã, tarde ou noite?
Paris a qualquer hora.
Uma livraria em Paris?
A Lamartine (118 Rue de la Pompe, 75016), tem de tudo lá.
Um teatro em Paris?
Théâtre de l'Atelier (1 Place Charles Dullin, 75018).
Uma peça recente em Paris?
La Mouette, de Tchekhov, no Théâtre de l'Odéon (direção de Thomas Ostermeier).
Um livro para ler em Paris?
Rien ne s'oppose à la nuit, de Delphine de Vigan (ed. Jean-Claude Lattès, 2011).
Música em Paris?
Todas as do Georges Brassens, e Les Passantes para mim é a melhor.
Uma definição de Paris em três palavras?
Sedutora, envolvente e… única.
Do que sente saudade do Brasil?
Da praia brasileira, dos botecos com samba, da música, do cheiro de pastel, do sorriso do povão, da "casa da vó",do meu familião.